quarta-feira, 29 de julho de 2009

Whatever - 07.

- Bem alunos, para concluir nossa aula de Filosofia e a sexta de vocês. Eu tive uma idéia, cada um escolhe um amigo e escreve um recado. Qualquer recado, qualquer amigo. Pode enviar para mais de um! Ah, e sem bagunça ok gente?
É, eu não sabia mesmo para que escrever, prefiri abaixar a cabeça. Até que alguém me cutucou e entregou um papel dobrado ao meio escrito Diego na frente. Abri o pequeno pedaço de papel, e senti a sala toda olhando pra mim, mas ignorei. No pequeno papel estava escrito "Eu sei que aconteceu rápido demais. Mas não posso negar, eu te amo Manu! Quer ser a minha namorada? " .
Eu simplismente fiquei sem reação com aquelas palavras, então arranquei uma folha do meu caderno e rasguei um pedacinho e comecei a escrever " É claro, eu aceito! É, foi mesmo muito rápido, mas eu te amo Di. ". Quando entreguei o papel para a menina ao meu lado passar, a turma toda estava tensa e não tirava os olhos do papel que ia passando de mão em mão. Então chegou até o Diego, e ele sorriu de orelha a orelha. A turma toda fez uma gritaria, eu não entendi qual era o motivo de tanta bagunça, mas fizeram e apenas sorri.
- Manu, me espera na hora de sair, ok?
- Tudo bem!
Bateu o sinal e começou a correria para sair, o corredor estava lotado e alguns paravam e conversavam, outros iam correndo até a porta gritando igual loucos.
- Hoje é sexta! - Jéssica, uma menina da sala gritou alto ao passar por mim.
Acho que os diretores e inspetores deixavam aquela bagunça ocorrer, porque via sempre um sorriso no rosto de todos inspetores.
Eu estava olhando para a porta, andando lentamente para o Diego me achar. Então alguém me cutuca, eu sorri tanto que minhas bochechas doeram e então me virei e não era o Diego, era o Felipe, um amigo do Diego.
- O que você quer? - eu me desanimei.
- Você é a Manu, né?
- Sim.
- É que o Diego teve que ir embora correndo, porque a avó dele que está nos EUA está doente, mas ele volta em uma semana. Ele pediu desculpas. - ele disse com uma cara bem triste, pelo jeito ele conhecia a vó do Diego.
- Ok, eu entendo. Coitadinha! - eu disse desanimada. - Mas não se preocupe, ela vai ficar bem!
- Como sabe? - ele se assustou e disse isso gaguejando - É, tomara que sim mesmo.
Eu fui andando até a porta, de cabeça baixa. Quando fui descer a escada, meu pai estava ali. Eu olhei para ele meio assustada, surpresa.
- Vem filha, o Diego me ligou! - porque não pensei nisso? É claro que o Diego não ia me deixar ir andando para a casa, que bobo!
Fui andando até meu pai, e entrei no carro. Não queria parecer triste então fiz um sorriso forçado em meu rosto.
- Coisa do Diego mesmo! - Eu senti um aperto no coração quando disse o nome dele.
- Eu sei que ele vai para os EUA, meu amor. Mas não se preocupe, ele volta! - ele sorriu.
- É.. Pai, ele me pediu em namoro, hoje na sala de aula. - eu disse com medo.
- Aé? Como foi? - ele parecia curioso, eu estava assustada esperando uma bronca.
- Foi.. Legal! - acho que ele não iria querer mesmo os detalhes, então pra que falar?
- Ah tá! Que bom, minha filha namorando.. Tomou vergonha na cara né? - ele riu muito e eu também.
- Pai, você é muito bobo sabe?! - eu dei um tapinha em sua testa.
- Eu gosto do Diego filha, ele é um bom garoto. - ele disse isso sério, olhando para a pista.
- Ufa! - eu disse tão baixo que nem sei mesmo se ele ouviu.
Ficamos alguns minutos em silêncio. Quando estávamos chegando em casa, meu pai olhou pra mim com um enorme sorriso. Eu ri na hora.
- Manuzinha, tenho uma enorme surpresa para você! - ele estava quase pulando no banco.
- Aé? O que é? - eu fingi estar mais curiosa do que já estava.
- Não posso contar né bobinha! - ele falou num tom tão engraçado, que me fez rir.
Chegamos em casa, meu pai saiu do carro correndo e eu fui atrás dele.
- Tá preparada filha? - ele disse isso com a mão na maçaneta.
- Tô pai, abre logo! - eu estava ficando ansiosa de verdade.
- Ok! 1, 2, 3 e já! - ele abriu a porta e me puxou para dentro.
- Manu, Quanto tempo! - eu conheço essa voz de algum lugar.. Será que é o tio Alfonso?
- Tio Alfonso? - eu disse com medo de errar.
- Na mosca! - então olhei para seu rosto. Ele já estava ficando bem velho.. Mas não posso pensar nisso, porque ele era amigo de infância do meu pai e... - Manu, você lembra do meu filho? Matheus, venha aqui!
Matheus? Quem é Matheus? Ai, droga! O que eu digo? Porcaria!
- Lembro sim tio! - e então, veio aquele menino, em minha direção, lindo. Eu quase babei ali.
- Oi Manu! Eu disse pro meu pai que você não deve lembrar de mim. A gente brincava juntos, você pedia para eu ser o Ken das suas bonequinhas, e pedia para eu brincar de casinha, pique-pega. É, duvido que lembre. - ele sorriu timido. Enquanto ele falou cada coisa, foi aparecendo as imagens em minha cabeça, como um, flashback.
- Pera ai! Você, eu lembro! - o meu primeiro amor, eu completei a frase em minha mente.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Whatever- 06.

Assim que entrei no meu quarto, - chorando - meu pai me grita lá de baixo.
- Manu! Porta pra você!
- Ok! Já vou descer.
- Tudo bem. Filha, estou indo trabalhar, beijos!
- Beijos!
Quem era na porta? Lavei meu rosto rápido e desci correndo a escada e claro, ele estava ali na porta.
- Manu! Nossa meu amor, seus olhos estão tão vermelhos, o que foi?
- Pergunte para aquela menina que você estava beijando agora, meu amor.
- Menina? - ele me olhou com aqueles olhos, eles estavam confusos, mas eu não me importei.
- É, deixa que eu te mostro!
Andei até a porta sem olhar para ele e então, vi o casal ali. Nos amassos.
- Aquela ali Manu? - ele me disse num tom sínico.
- Ah, ele parecia você Diego! - eu dei um tapinha em seu ombro.
- Que falta de confiança Manu.
- Desculpa Di. - eu corei e abaixei a cabeça.
- Anda, vamos. Daqui a pouco iremos chegar atrasados! - ele segurou minha mão, eu senti um frio bobo na barriga e sorri.
Fomos caminhando até a escola, olhando as coisas, conversando até que chegamos na praia.
- Praia? Pensei que iriamos pra escola Di. - eu disse rindo.
- Manu, eu quero completar o que não terminamos ontem. - ele estava sério e romântico.
- É, seria mesmo adorável. - eu sorri.
O sol estava nascendo, fomos até a areia e ele se virou para mim. Eu sorri e ele pegou em minha cintura, e então, nos beijamos. Assim que terminamos ele segurou em minha mão, suspirou e deu um beijo em minha bochecha. Nossa, eu não sabia mesmo que era tão.. Bom! Eu podia sentir meus olhos brilhando e imaginar o sorriso bobo que estava em meu rosto, e acho que o Di também notou.
Fomos caminhando até a escola que estava pertinho dali de mãos dadas e em um silêncio mortal, eu não sentia necessidade de falar naquele momento e acho que ele também não.
- É, chegamos. - ele não parecia feliz.
- Porque está triste? - eu não consegui esconder a minha preocupação.
- Porque eu não quero largar a sua mão. - ele sorriu e eu ri.
- Ai, ai. Diego, você é uma figura meu amor! - ele riu e eu também.
Soltamos as mãos e entramos na escola.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Whatever. -05

Desta vez eu não acordei com o meu pai gritando e reclamando com a enfermeira, dessa eu vez eu acordei do nada e me levantei. Eu estava no meu quarto, só não sabia como vim parar aqui.
- Pai, você tá ai? - eu gritei tão alto que minha garganta doeu.
- Filha! Você acordou! - ele gritou da escada, eu podia ouvir ele correndo a escada.
- É né.
- Filha, o que você fazia com aquele menino na praia? - é, ferrou. Foi bom conhecer vocês, adeus.
- A verdade?
- A verdade!
- Ok! Bem, eu estava voltando aqui para a nossa casa sozinha, ai eu descobri que ele mora aqui, no Dream e perguntei se ele queria vir comigo, até porque era a primeira vez que eu tava voltando para casa sosinha né?! Ai eu vi que tinha uma praia, e a praia me olhou, eu olhei para ela, então não aguentei. Afinal, foi a primeira vez que eu tinha ido numa praia e...
- Manu, para de enrolar! Fala logo o porque você desmaiou, o que você tava fazendo?
- Ai pai, eu já ia chegar lá! - eu reclamei - Como a infermeira disse, eu tenho problema de ansiedade certo? E que sempre que eu fico ansiosa eu desmaio né?! Então, o Diego estava chegando perto de mim e sabe, parecia no filme em que eu vi. Só que no filme eles se beijavam.
- Se o que? - meu pai aumentou o tom de voz.
- Beijavam pai! Eu não sou mais uma criança né, me poupe disso.
- Ok, desculpa. Eu estava treinando para que isso não acontecesse, mas pelo jeito, é incontrolavel, perdão meu amor. Mas vai, continua.
- Bem, quando o seu rosto estava a centimetros de mim, tudo se apagou! - eu me desanimei.
- Nossa filha, e como vai ser? Sempre que ficar ansiosa vai desmaiar? Vai ser assim pra sempre?
- É, minha vida tá estragada pai!
O despertador que eu ouvia toda manhã antes de ir pra escola tocou.
- Que horas são pai?
- Hora de você ir para a escola, vamos. Vá se arrumar! Quer que eu te leve?
- Não, eu vou chamar o Di.
- Di? - ele parecia mais surpreso do que aborrecido.
- Di, Diego pai!
- Ah, sim. Chame-o de Diego na minha frente amorzinho! Não to muito acostumado com essas coisas. - ele sorriu.
Estava frio aquela manhã e eu podia sentir o cheiro delicioso do café da manhã que meu pai preparava. Me arrumei rápido, coloquei um casaco e desci correndo.
- Nossa filha, olha a pressa!
- Desculpa pai, eu não gosto de me atrazar. - eu ri.
Comi rápido e sai de casa, no momento em que sai dei de cara com o Diego. Mas não apenas com o Diego. Ele estava acompanhado, e aquela não parecia ser a mãe dele, até porque, não é muito normal dar amassos na mãe, certo?
Eu senti a minha vista embaçar, mas dessa vez não era por desmaiar, então, vi lágrimas caindo e descendo pelas minha bochechas. Enxuguei as lágrimas e voltei para casa.
- Ué filha, voltou?
- É pai, eu não estou me sentindo muito bem. - eu nem vi qual foi a reação dele, eu fui diretamente para o meu quarto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Whatever. -04

- Bem alunos, por hoje é só. Mas antes, vamos escolher as duplas para o trabalho de casa que eu passei. - Essa era a Senhorita Silvia, a professora de história.
- Eu vou ficar com a Manu! - é, essa era a voz do Diego.
- Ok. - eu disse.
- Escrevam aqui nesse papel quem vai ser a sua dupla e podem ir para a casa.
- Pode deixar que eu escrevo Manu, vai indo e me espera na porta. - o Diego piscou pra mim.
Eu acenei com a cabeça e senti um frio na barriga e uma vontade enorme de correr pra casa o mais rápido possivel.
- Obrigado por esperar! - ele disse num tom meio sinico e segurou em minhas mãos frias e eu sorri meio sem graça.
- Não foi nada. - eu disse num tom mais sinico ainda.
- Sabe Manu, eu pensei que isso nunca iria acontecer comigo.. Mas acho que eu tive um amor à primeira vista.
- Aé? Por quem? - eu estava super nervosa, eu sabia qual era a resposta, eu estava me segurando para não mostrar para ele que eu estava tremendo, tentava parecer.. Indiferente.
- Por você! - ele olhou nos meus olhos, seu olhos eram lindos.
- Nossa, você não acha que é muito.. Cedo?
- Não Manu, eu te amo! - ele estava me assustando.
- Ah, vou pra casa. Meu pai vai estranhar se eu não chegar lá. - ainda é a minha primeira semana aqui nessa escola, ele ainda não se acostumou.
- Eu vou com você!
- Você nem sabe onde eu moro! - eu queria distância.
- Onde?
- No Dream!
- Jura?! Eu também! - Droga! Como? Ah, que saco.
- Para de ser dificil Manu.. Tudo bem, eu te assustei um pouco, foi mal. - eu olhei pra ele e toda aquela vontade de fugir dali foi embora.. Qual era o meu problema? Olha pra ele, lindo e dizendo que me ama. Tudo bem, é o primeiro garoto que diz que me ama. Mas quem se importa? Porque eu deveria deixar essa oportunidade passar?
- Me desculpe, eu estava um pouco nervosa. - eu sorri e virei o rosto, assim que virei, vi uma bela praia ao meu lado, olhei de volta para o Diego e segurei na mão dele e o puxei para a praia.
- Onde você está indo Manu?
- Eu nunca fui em uma praia de verdade! - eu parecia uma criança.
- Calma, corre mais devagar!
- Eu não consigo! Vem.
Ele correu mais rápido - é claro - e me alcançou, e como em um filme que eu tinha visto quando completei 10 anos, caímos na areia da praia.
- Ops. Eu acho que eu escorreguei, você se machucou Manu? - ele estava tão perto.
- Não, é claro que não. - eu me senti tonta.
- Foi assim que eu sonhei ontem.. O nosso, primeiro beijo. - ele estava a centimetros de mim, eu podia sentir os seus lábios quase juntos aos meus e meu coração batendo forte e então tudo ficou escuro.
- Manu? Alguém me ajuda, por favor! - foi a ultima coisa que eu consegui ouvir.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Whatever. - 03

Aquele som perturbador tocou e todos correram desesperados e eu é claro, não sabia para onde ir, até que veio uma menina em minha direção. Devia ter mais ou menos a minha idade e tinha um sorriso enorme em seu rosto, seus cabelos loiros e enrolados - de se invejar - balançavam enquanto ela vinha em minha direção.
- Olá, eu me chamo Bianca e você? Você parece perdida, precisa de ajuda?
- Er, meu nome é Manuela, mas me chame de Manu. É, acho que você percebeu isso né, sim.
- Ah sim! A novata, já sei de que turma a senhorita é, siga-me. - ela sem duvida não parecia uma adolecente.
- Ok. - não deu tempo de completar essa palavra e ela já tinha me puxado.
Estavamos seguindo pelo corredor imenso, Bianca não parava de falar sobre como a escola era boa, e os professores simpáticos e essa chatisses, mas não faz diferença para mim, afinal, me desliguei dela e só prestava atenção naquela bela escola.
- Pronto, é aqui. Vamos entrar juntas? - eu olhei pra ela e depois para a porta que estava na minha frente. Respirei fundo e acenei com a cabeça e ela abriu a porta.
- Aluna nova! Chegou um pouco atrazada não? - o professor era tão sorridente.
- É que..
- Eu estava com ela Sr. Nogueira. - Bianca me interrompeu.
- É, eu estava com a Bianca. - eu sorri
- Ah, sim. Bem, está esperando o que para se apresentar para a turma mocinha? - eu senti um frio na barriga, mas não ia pagar o mico de sair correndo dali certo? Senti o sangue se centrar em minhas bochechas. Eu me virei para classe e sorri.
- Olá, meninas e... Meninos?! - eu não estava entendendo, não era EPPM? Só para garotas? O que esses meninos estão fazendo aqui?
- É Manu, eu esqueci de avisa-la, a EPPM agora aceita meninos! Legal não é? - A Bianca estava tão sorridente que me assustou.
- É.. Muito, legal. - eu disse.
- Bem mocinhas, podem se sentar agora que já sabemos o nome da Manu!
Eu me sentei na primeira carteira vazia que vi.

Aquele som pertubador tocou denovo e todos foram levantando de suas carteiras e pegando seus dinheiros. É, deve ser o recreio.
- Vem com a gente Manu. - A Bianca estava com as suas amigas que pareciam ser bem simpáticas, ah, já estou aqui mesmo, porque não?
- Claro.
Fomos para um espaço bem grande, a Bianca me disse que aqui o chamavam de pátio. Eu podia ver as pessoas se separando por grupos e todos falavam com Bianca quando ela passava, alguns falavam comigo, outros empinavam o nariz.
- Nossa, que comida gostosa. - disse uma das loiras na mesa, ela era do tipo magrela que parecia não comer a dias.
- Por isso está gorda Vanessa! - Bianca disse num tom de bronca.
Eu olhei para meu prato e vi que estava muito mais cheio que o de Vanessa. Ah, quem se importa com o que Bianca ou as outras loiras da mesa pensam?
Comi rápido e levantei de minha mesa sem olhar para trás.
- Manu? - essa não era uma voz conhecida e não era muito feminina. Eu me virei para ver quem era. Um menino loiro, com um belo sorriso.
- Como sabe meu nome? - quem era esse carinha?
- Somos da mesma classe! Ah, desculpe. Eu não me apresentei, meu nome é Diego, muito prazer! - Ah, Diego. Bom Diego, eu estou indo! - dessa vez eu não podia me atrazar.
- Eu também já estava indo para a sala. Posso ir com você?
- É. Porque não né? - eu estava sem duvida morrendo. Porque esse menino lindo veio falar comigo? Ah, quem se importa? Vou fazer tudo o que minha irmã ensinou para mim. Se fazer de dificil, sempre.
- Ah, obrigado. Eu acho.. - ele colocou a mão em seu bolso e fomos caminhando em silêncio até a porta.
- É, está trancada. - eu disse de cabeça baixa.
- Sim. Só abre depois do sinal Manu. - ele disse sorrindo.
- Porque está sorrindo? A porta tá fechada!
- Porque eu queria passar alguns segundos com você. Te conhecer! Você parece ser uma garota muito simpática... Sem contar o fato de que é, linda.
- Ah, ok. Bem, acho que eu vou dar uma volta. Tchau!
- Não Manu, fica. - ele pegou no meu braço, e depois segurou a minha mão. - Eu só quero te conhecer, nada mais. Eu juro!
- Jura mesmo? - eu olhei naqueles olhos azuis e senti um frio na barriga, minha vontade era beijá-lo ali. Eu sei que isso é meio atirada e eu não ia fazer isso, é claro. Mas era a minha vontade.
- Juro.
Ficamos conversando ali por um tempinho até que tocou o sinal. E as portas se abriram. Entrei na sala e sentei em minha carteira. Eu estava meio perdida e depois vi o sorriso tonto que eu tinha no meu rosto.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Whatever. - 02

- Ela está melhor? Moça, o que ela tem? - eu ouvia a voz de meu pai preocupado.
- Senhor, eu já disse dez vezes, ela está bem!
- Tem certeza?
- Senhor, eu sou uma profissional, é claro que tenho certeza! - a médica estava a ponto de pular no pescoço do meu pai.
Eu ouvi os passos do meu pai chegando perto, e sua mão gelada em minha testa.
- Manuela, o que você tem? Porque não acorda? Filha, você está bem?
- Senhor, eu já disse..
- Eu sei, eu sei. Mas eu sinto que..
- .. Senhor, por favor. - ela o interrompeu- Somos profissionais, sabemos o que fazemos, não se preocupe. Sua filha acordará logo logo!
Então eu comecei a sentir meu corpo denovo. Eu queria saber quanto tempo fiquei aqui.. Dormindo. Não consegui abrir o olho, mas tentei usar a minha voz.
- Pai?! - foi o que eu consegui dizer.
- Manuela? Você está ai meu amor?
- Sim. - era quase um som abafado.
- Meu amor, eu fiquei tão preocupado! Como você está se sentindo?
- Como você acha? - agora eu já conseguia falar uma frase inteira.
- Filha, só você mesmo. Até duente, sarcástica. Essa é minha filhinha!
- Ai pai, para de bobeira e fala logo. Quanto tempo eu dormi?
- Um dia só.
- Aé?
- Sim! E se você se sentir melhor.. Podemos ir para a escola agora. Quer?
- Claro!
Eu sentei na cama e o meu pai me entregou uma sacola plástica com um sorriso enorme.
- Sabia que diria isso, meu amor!
Eu ri e abri a sacola. Dentro dela tinha minhas roupas de escola.
- Podem me dar licença?
- Claro mocinha, mas se desejar algo ou sentir algo, me chame!
- Ok filha, e não precisa ter pressa!
- Eu sei. Eu sei! - minha resposta era para os dois.
A porta fechou e aquele quarto branco estava sem mais ninguém além de mim. A minha roupa da escola era uma calça jeans e uma blusa muito bonita. Vesti a minha roupa sem pressa, e me olhei no espelho que tinha na sala gigante, dei uma arrumada em meus cabelos e os prendi com um arco que meu pai tinha colocado na sacola preta junto com uma escova. É, agora eu estava pronta para conhecer a minha nova escola. Abri a porta e chamei meu pai, fomos até o carro em silêncio, eu imagino o quanto ele esteja nervoso, talvez mais do que eu. Entramos no carro, ainda num silêncio mortal, eu tinha que quebrar o gelo.
- Então pai, o que eles disseram que eu tinha, hein?
- Eles falaram que era ansiedade. - ele disse desanimado
- Atá, ok! - eu disse.
Então a conversa acabou ali. Não sabia o que falar, então prefiri ficar em silêncio, até porque, deve ser dificil mesmo levar a filha mais nova para a primeira escola. Eu não entendo porque tanto drama, afinal, ele já levou as minhas outras irmãs, porque tem problemas comigo? Ah, mas quem se importa?! Afinal, ninguém entende os pais mesmo.
- É aqui, a sua nova escola! - ele disse, eu sentia animação e medo em sua fala.
- É muito bonita e.. Grande! - aquela escola era a maior que eu já tinha visto, era como se fosse um sonho. Então, eu vi o nome da escola, EPPM (Escola Particular Para Meninas).
- Porque eu não suspeitei? - eu disse em voz alta para mim mesma.
- Vai filha, é sua primeira escola. Eu não podia arriscar!
- Muito obrigada por confiar em mim, pai! - abri a porta do carro, sai e bati forte a porta.
Ele fez uma careta de dentro do carro e ficou me olhando entrar pela imensa porta.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Whatever. - 01

Meu nome é Manuela -Manu-, sou mais uma adolecente daqui da cidade do Rio de Janeiro. A minha vida aqui já não é mais um drama, - até porque os dramas da minha vida, são normais hoje em dia - minha mãe morreu em um acidente de carro quando eu tinha apenas oito anos e meu pai é um paranóico, ele diz que só não me deixa estudar em escolas normais ou ter amigos pelo meu bem, mas eu sei que é por medo de me perder, como aconteceu com as minhas irmãs, minha irmã mais velha se casou cedo e se mudou para os EUA e a do meio diz que vai fugir com o namorado em breve, e eu é claro, sou a mais nova das três, e meu pai me prende, não me deixa namorar, não saio, não tenho amigas por culpa delas, como eu já disse. Hoje eu escolhi voltar a escrever aqui porque eu lembro que minha mãe dizia que a gente se sente melhor quando escreve o que sente, então aqui estou eu.
Depois de anos estudando em casa com professores particulares e depois de chorar, implorar e me rebelar, meu pai disse que poderei ir para a escola, não disse quando, mas estou vendo ele nesse momento procurando escolas e descobrindo quem as frequenta, bom, ao menos vou agora ter uma escola de verdade, não me importo como vai ser ou quem vai enfrentá-la apenas que vou finalmente ter a chance de conhecer alguém e uma escola de verdade.
- Manu, vem aqui um minuto.
- Sim, senhor!
- Pare de gracinhas e venha logo.
- Ok pai, mas porque está tão nervoso?
- Porque eu.. Achei a escola.
- Jura? Nossa pai, isso é i-n-c-r-i-v-e-l! Mas.. Porque está tão triste?
- Porque você acha que eu te protegi tanto tempo, filha?
- Porque você é um chato?
- Não, sério. Porque acha?
- Porque não quer que eu seja alguém na vida e que eu não saiba me comunicar?
- Manuela!
- Ok, porque não quer me perder e blá blá blá, certo?
- Sim filha, eu não quero te perder. Você é a unica coisa que restou na minha vida, como poderia te dividir com alguém?
- Pai, você nunca vai me perder, eu prometo. Não importa se eu namore, me case.. Você vai ser sempre meu pai, e eu sempre a sua filha. Eu te amo!
- Jura?
- Juro né!
- Ok, também te amo!
- Ai pai, você é tão bobo sabia?
- Sou é?
- Por pensar que um dia eu iria te largar!
- Verdade.. Bom filha - ele abriu um belo sorriso que eu não via faz um tempo - vá dormir, amanhã temos um longo dia comprando seu material, sua roupa de escola e todas essas chatisses. - ele fez uma careta.
- Paaaaaaaaaai, eu não acredito! Sério mesmo? - eu conseguia sentir o sorriso em meu rosto e minha vontade de gritar e pular.
- Sim filha, amanhã mesmo vou fechar sua matrícula.
Ele me abraçou e fui dormir. Ou melhor.. Tentar dormir. Eu estava cheia de ansiedade e me roendo, olhando o relógio de dois em dois minutos, até que ouvi o despertador do meu pai e acordei, me sentia meio fraca, estava sentindo muito frio mas num pulo só eu fui até o quarto dele, mas ele não estava ali, então, procurei meu pai na cozinha e não estava, depois na sala, no meu quarto, no banheiro, na sala de jantar, em todos os cômodos, ele fora sem mim? Cadê o meu pai? Então a porta abriu, e eu claro fui correndo vê-lo.
- Acordou né? Finalmente filha. Mas não se preocupe, o médico disse que não foi nada demais! Nossa meu amor, como você me deixou preocupado! Nunca mais faça isso comigo!
- Isso o que papai? Médico? - eu não estava entendo nada, o que aconteceu enquanto eu estava dormindo?
- É filha, eu já comprei os materiais e já te matriculei, mas não se preocupe, você só ficou dormindo dois dias.
- Dois dias? - eu gritei.
- Sim filha, eu fiquei preocupado demais com você, mas o médico disse que não era nada, então fique bem calminha meu amor.
- Ok papai, vou me arrumar, licença.
Eu não estava entendendo, o que estava acontecendo? Ou melhor, o que aconteceu? O que eu tenho é sério ou não é nada demais mesmo? Espero que não seja nada e...
- Filha, é hoje, corre! Esqueci de avisá-la! - meu pai gritou do andar de baixo.
- O que pai? - eu gritei para responde-lo.
- A escola!
- Escola?
- É, escola. - ele respondeu a minha pergunta que não era para ser respondida da porta do meu quarto. - Se arruma logo!
Entrei no banheiro e liguei o chuveiro.. Senti a água quente e depois só sentia o piso frio do chão.
- Manu, acorda!
Eu ouvia meu pai, mas não conseguia responder, muito menos abrir os olhos.
 

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