quinta-feira, 16 de julho de 2009

Whatever. - 02

- Ela está melhor? Moça, o que ela tem? - eu ouvia a voz de meu pai preocupado.
- Senhor, eu já disse dez vezes, ela está bem!
- Tem certeza?
- Senhor, eu sou uma profissional, é claro que tenho certeza! - a médica estava a ponto de pular no pescoço do meu pai.
Eu ouvi os passos do meu pai chegando perto, e sua mão gelada em minha testa.
- Manuela, o que você tem? Porque não acorda? Filha, você está bem?
- Senhor, eu já disse..
- Eu sei, eu sei. Mas eu sinto que..
- .. Senhor, por favor. - ela o interrompeu- Somos profissionais, sabemos o que fazemos, não se preocupe. Sua filha acordará logo logo!
Então eu comecei a sentir meu corpo denovo. Eu queria saber quanto tempo fiquei aqui.. Dormindo. Não consegui abrir o olho, mas tentei usar a minha voz.
- Pai?! - foi o que eu consegui dizer.
- Manuela? Você está ai meu amor?
- Sim. - era quase um som abafado.
- Meu amor, eu fiquei tão preocupado! Como você está se sentindo?
- Como você acha? - agora eu já conseguia falar uma frase inteira.
- Filha, só você mesmo. Até duente, sarcástica. Essa é minha filhinha!
- Ai pai, para de bobeira e fala logo. Quanto tempo eu dormi?
- Um dia só.
- Aé?
- Sim! E se você se sentir melhor.. Podemos ir para a escola agora. Quer?
- Claro!
Eu sentei na cama e o meu pai me entregou uma sacola plástica com um sorriso enorme.
- Sabia que diria isso, meu amor!
Eu ri e abri a sacola. Dentro dela tinha minhas roupas de escola.
- Podem me dar licença?
- Claro mocinha, mas se desejar algo ou sentir algo, me chame!
- Ok filha, e não precisa ter pressa!
- Eu sei. Eu sei! - minha resposta era para os dois.
A porta fechou e aquele quarto branco estava sem mais ninguém além de mim. A minha roupa da escola era uma calça jeans e uma blusa muito bonita. Vesti a minha roupa sem pressa, e me olhei no espelho que tinha na sala gigante, dei uma arrumada em meus cabelos e os prendi com um arco que meu pai tinha colocado na sacola preta junto com uma escova. É, agora eu estava pronta para conhecer a minha nova escola. Abri a porta e chamei meu pai, fomos até o carro em silêncio, eu imagino o quanto ele esteja nervoso, talvez mais do que eu. Entramos no carro, ainda num silêncio mortal, eu tinha que quebrar o gelo.
- Então pai, o que eles disseram que eu tinha, hein?
- Eles falaram que era ansiedade. - ele disse desanimado
- Atá, ok! - eu disse.
Então a conversa acabou ali. Não sabia o que falar, então prefiri ficar em silêncio, até porque, deve ser dificil mesmo levar a filha mais nova para a primeira escola. Eu não entendo porque tanto drama, afinal, ele já levou as minhas outras irmãs, porque tem problemas comigo? Ah, mas quem se importa?! Afinal, ninguém entende os pais mesmo.
- É aqui, a sua nova escola! - ele disse, eu sentia animação e medo em sua fala.
- É muito bonita e.. Grande! - aquela escola era a maior que eu já tinha visto, era como se fosse um sonho. Então, eu vi o nome da escola, EPPM (Escola Particular Para Meninas).
- Porque eu não suspeitei? - eu disse em voz alta para mim mesma.
- Vai filha, é sua primeira escola. Eu não podia arriscar!
- Muito obrigada por confiar em mim, pai! - abri a porta do carro, sai e bati forte a porta.
Ele fez uma careta de dentro do carro e ficou me olhando entrar pela imensa porta.

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