quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Whatever 2.0 - 2.

- Di! - me aproximei para abraçá-lo.
- Manu, precisamos conversar. - ele me olhou sério recusando meu abraço.
Senti um frio na barriga imenso e uma vontade quase inegável de sair logo dali. Me segurei e respirei fundo tentando me acalmar. Eu sabia onde ia parar essa conversa. Isso talvez explique o modo como ele vem se comportando esses ultimos dias.
- Diego, vá direto ao assunto. Não quero ser enrolada. Seja direto.
- Tá né.. Você que sabe...
- É.
- Manu, eu quero dar um tempo.
- Aé, e porque isso?
- Porque eu estou apaixonado por outra Manu.
- Que?
- É. Eu a amo.
- Quem Diego? - senti meu sangue ferver.
- A Amanda, Manu. A garota que faz meu coração bater.
- Me poupe de detalhes. - girei os olhos.
- Estamos amigos? - ele estendeu a mão.
- Vai sonhando, idiota! - fecho a porta em sua cara ignorando quando ele solta um palavrão de dor em seus dedos.
Olho para a a varanda do Mat e vejo ele sozinho. Pego o telefone. Meus dedos deslizando rapidamente pelos botões discando o número da pessoa que eu mais preciso agora.
- Alo? - a voz de Math parecia triste.
- Oi.. Que foi Math?
- Sabe a garota que eu tava pegando?
- Aham.
- Ela terminou comigo. - sua voz era bem triste.
- Então vem aqui outra bomba! - hesitei um pouco antes de responder - O Di terminou comigo.
Ouvi uma voz fina, feminina acho. E então ficou um silêncio do outro lado durante um bom tempo.
- Math? Math.. Math?
- Ah, oi.. Oi... Perdão. O que você tinha dito? É que aquela pessoa entrou aqui no quarto e tá me pedindo desculpas. Mas então.. Qual a bomba?
- Eu.. Meu pai me deixou ir na viagem da escola.
- Ual. Isso é bom!
- Muito.
- Manu, vou desligar. Te amo! Beijos.
- Também te amo. Beij... - fui enterrompida pelo som do telefone desligado "tu tu tu".

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Whatever 2.0 - 1.

Sentei no sofá ansiosa. É claro que sempre que ficava naquele estágio de ansiedade corria o risco de desmaiar. Mas eu não podia. Não agora que meu pai estava indo pegar meus resultados. Era vida ou morte! Ouvi o carro do meu pai estacionando e então senti uma corrente de medo passar por todo meu corpo. Eu não estava preparada para aquilo. Era meu ultimo ano de escola. Tremi ao me lembrar.
- Manu? - meu pai falou enquanto entrava.
- Pai, você chegou! - falei um pouco atordoada.
- Tá com medo? - ele me olhou com um olhar que ao mesmo tempo que era patético, era misterioso.
- Eu? Não.. Que isso! Só dependo desse resultado para o resto da minha vida. - sorri enquanto falava sarcásticamente.
- A mesma de sempre. - ele sorriu - Enfim, aqui está.
Ao ver seu sorriso eu me acalmei um pouco.
Ele esticou seu braço com um papel branco dobrado e entregou em minhas mãos.
- Eu ainda não vi. Queria ver com você! - ele disse orgulhoso de si mesmo.
O nervosismo e o medo subiram novamente a minha cabeça. Minha vontade era de abrir o papel e ao mesmo tempo de deixá-lo fechado para sempre.
- Vai abrir ou vai ficar me olhando com essa cara de morte? - ele levantou uma sombrancelha.
- Oi? Ah, sim.
Abri devagar o papel. Olhei para o mesmo e um sorriso encheu meu rosto em fração de segundos.
- Posso ver? - ele pegou o papel de minha mão antes que eu pudesse responder.
- É claro. - girei os olhos e sentei no sofá.
- Hum.. Você passou! Parabéns, querida. Opa.. O que é isso aqui? - olhei assustada para ele.
- Que foi?
- Parece que os alunos que passaram ganharam uma viagem. - ele olhou para mim e depois para o papel - Ah.. Não ganharam nada!
- Hã? - disse confusa.
- É. Não ganharam.. Eu terei de pagar. E muito, por sinal.
- Vai pagar? - olhei confusa para ele.
Eu sei que meu pai tinha liberado várias coisas para mim esse ano, foi tudo muito rápido para ele. Eu entendo se ele não quiser me levar para a viagem que vai marcar a minha vida.
- Claro que vou! - ele sorriu e me abraçou um pouco desajeitado - É o minimo que posso fazer pela minha filhinha.
Não tive nem tempo de debochar do "filhinha", as lágrimas correram pelo meu rosto sem que eu pudesse impedi-las.
- Eu te amo pai! - falei enquanto me aproximava para lhe dar outro abraço.
- Só porque vou pagar sua viagem? - parei de abraçá-lo e comecei a rir.
- Claro que não! Porque você é o melhor pai do mundo, dã.
- Ah sim.. Nem exagera!
- Exagero sim. Na verdade, não estou exagerando, estou sendo sincera.
- Sei. Senhorita sincera, já ligou para o Matheus para saber se ele te acompanhará nessa viagem?
- Eita pai.. É mesmo! Já volto.
Fui correndo para meu quarto e peguei o telefone para discar o numero de Math. Chamou.. Chamou.. Ninguém atendeu. Decidi olhar pela janela de meu quarto para ver se ele estava ali.
Me aproximei da janela e então vi Math ali. Com uma garota que ou estava de biquini ou estava de.. Sutiã. Fechei rapidamente minha cortina e deitei em minha cama.
- Manu, porta para você! - meu pai gritou da sala.
Desci para ver quem era. E claro.. Diego!

domingo, 20 de setembro de 2009

Segunda temporada.

Decidi voltar a escrever aqui. Desculpem os leitores que se irritaram e tiveram que esperar - ou desistiram.
Postagem dia: 15/12/09.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Whatever - Festa de Fim de Ano.

- Cala a boca Manu! - o Math reclamou.
- Porque? Ela tá afim de você que eu sei..
- Para!
- Roberta, vem cá! - eu gritei para a menina do outro lado do pátio.
- Já vou! - ela gritou respondendo. É claro, todos nos olharam.
- Você é ridicula Manu..
- Você vai me agradecer bobinho!
- Oi gente! - ela era realmente muito bonita, seus olhos eram azuis, seus cabelos pretos lisos até a cintura.
- Oi.. - o Math disse meio sem graça.
- Beta! Já conheceu o meu amigo Math aqui?
- Já.. Somos da mesma sala, esqueceu?
- É claro.. Ai, me deixa. Não sou muito boa nisso. - olhei pro chão enquanto ela ria.
- Era só isso? - ela me olhou com desesperança.
- Queria mais? - enquanto eu falava o Math se levantou e foi falar com o Diego.
Ela esperou ele sair, e sentou ao meu lado.
- Eu gosto dele.. Eu sempre... Gostei.
- Eu acho que ele gosta de você Roberta.
- Eu não.. - ela abaixou a cabeça.
- É claro que gosta bobinha, eu sou a melhor amiga dele! Como eu não saberia disso?
- Mas ele nunca..
- O Math é meio bobo mesmo, mas vocês fazem um belo casal, entende?
- Eu..
- Para de se fazer de impossivel! - eu ri.
- Ai Manu! Você é tão legal.. Acha que ele vai me convidar para a festa de fim de ano?
- Porque não convidaria? - eu sorri para ela.
Ela me abraçou.
- Me sinto bem Manu! Obrigada.
- De nada. - eu me espantei mas continuei olhando para ela e sorrindo para disfarçar.
- Acha que eu devo? - ela olhou para ele.
- Óbvio!
Ela se levantou e foi até ele, enquanto ela se levantava, o Math olhou para mim. Como quem pede a resposta, eu apenas pisquei.
- Oi Math.. - foi o que eu consegui ouvir até o Diego sentar ao meu lado.
- Oi meu amor! - ele deu um beijo em minha bochecha.
- Di! O que tava falando com o Math?
- Coisas de amigos.. - ele sorriu.
- Chato! - dei um tapa de leve em seu ombro.
- Nossa, como você me ama! - ele debochou.
- Amo mesmo!
- Prova então! - ele chegou seu rosto mais perto do meu.
Eu estava a milimetros de seus lábios até que fomos interrompidos.
- Ei, ei! Pode parar de agarramento ai Senhorita Manuela.
- Eu não..
- Claro! - essa era a chata da nossa inspetora.
Eu realmente não entendia porque ter uma inspetora, e afinal, porque é proibido beijo nas escolas?
- Desculpa Diego.. Não posso te provar o meu amor agora. - eu debochei dele.
- Percebi.

O tempo pareceu voar, porque quando me dei conta já estava no carro de meu pai indo buscar o Math e o Diego.
Paramos primeiro na casa do Matheus. Meu pai apertou a buzina, em menos de um segundo o Math desceu.
- Oi.. Demorei?
- Aham..
- Desculpa eu..
- Ela tá brincando Matheuzinho. - meu pai o interrompeu.
- Bem a cara da Manu. - ele disse quando fechou a porta.
- É aqui pai!
Meu pai parou o carro e buzinou para o Diego descer.
Ele demorou algum tempinho, me matando de ansiedade.
- Olá. Boa noite! - ele falou quando fechou a porta.
- Nossa! Nem vi você abrindo a porta. Que susto Di. - eu disse.
- Tava tão destraida né. - meu pai disse zombando de mim.
- Olá senhor! Queria agradece-lo por estar aqui me levando. - o Diego era realmente muito educado com meu pai.
- Não foi nada, afinal, só estou fazendo um favor para minha filhota! - meu pai queria que essa frase fizesse um bom sentido, mas realmente não fez. Por sorte o Di entendeu o bom sentido.
A conversa durou bastante, menos a parte de futebol que o idiota do Matheus puxou como assunto.
- Chegamos crianças!
- Crianças.. - eu disse olhando pro meu pai - Obrigada pai, te amo!
- Também.
- Obrigada senhor!
- Não tem de que Diego.
- Tchau tio! - o Math falou pro meu pai super à vontade.
- Tchau Matheuzinho. Ah, chega mais perto!
- To indo. - o Math se aproximou e meu pai falou algo em seu ouvido. Os dois riram alto.
- Cuide de minha filha, ok Diego?
- Sempre senhor!
Meu pai saiu com o carro e eu na mesma hora me aproximei do Math.
- O que meu pai disse pra você?
- Nada não..
- Fala! - eu gritei.
- Só para eu pegar várias meninas.
- Realmente.. O papai nem faz idéia de que você já tem uma namorada!
- Eu não tenho..
- Claro que tem!
- Não, ela é apenas uma acompanhante. Eu gosto dela, ela é gata.
- Ai, ai Math.
- Então.. Vamos entrar?
- É claro!
Deviam ser três horas da manhã, todos os cabelos bagunçados. As maquiagem borradas, todos suados. Os meninos agora não vestiam mais seu smoking. Apenas uma blusa... Outros nem blusa usavam.
- Quer ir embora amor?
- Claro que não. - eu disse gritando para que o Diego me escutasse - E você?
- Não..
Olhei para todos os corpos se mechendo pelo salão e apenas um casal chamou minha atenção.
- Diego! Math e a Roberta. Olha. - apontei para os dois.
- Eles ficam bonitos juntos.
- É.
Senti um pequeno aperto em meu coração enquanto via os dois se beijarem, realmente não entendi.. Eu não tinha tudo que mais queria? Qual era o meu problema? Manu idiota.. Eu amo o Di! Esse aperto deve ser felicidade.
- Quero ir pra casa.
- Quer Manu? - o Diego sorriu forçadamente. Olhei para o Math e a Roberta, depois olhei nos olhos do meu amor.
- Não..
- Você é louca meu amor. A louca que eu mais amo.
- Também te amo.. - eu o abracei, olhando para o Math e a Roberta ainda.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Whatever - 20.: Ultimo capítulo.

Estava sentada na varanda, olhando a bela paisagem que ficava de frente para mim enquanto escrevia coisas sem sentido em meu caderno. Assim que a ponta do meu lápis quebrou e uma mancha de lágrima terminou o texto, parei para ler o mesmo:

Quem sabe que dia será amanhã?
Quem disse para nós que o amor é passageiro?
E afinal, quando dizem que ele é para sempre.. O que dizem com isso?
O que significa "para sempre"?
E amor de verdade, pode ser mesmo separado pela distância?
Ah, Diego.. Se eu pudesse, eu ficaria.. Eu ficaria aqui por você.
Porque a vida é assim? Eu realmente não queria me separar de você.
Você e eu somos um só.
E agora.. Não seremos mais. O inteiro foi repartido.


- Manu! Vamos querida? O aeroporto tem hora amor! Sua mala já está no carro. - o verdadeiro causador de minha dor, gritava sua vitória.
Ele realmente amou alguém? Sabe como é isso de verdade?
- Tá pai.. Tá.
- Diego! Pode vir se despedir dela.
- Você chamou o Diego?
- Era o mínimo que eu poderia fazer.. - Verdade!
- Entendo.
O Diego, lindo como nunca. Se aproximou de mim, seu sorriso despedaçado. Esse seria nosso último abraço, nosso último beijo. Seria a ultima vez que eu o veria.
- Pensei que a gente tinha mesmo se preparado para isso. - eu sorri com lágrimas escorrendo por minhas bochechas. Ele me abraçou mais forte.
- A semana toda se preparando, e estamos aqui.. Dois chorões. - ele riu enquanto eu falava.
Eu dei o nosso ultimo beijo, o beijo no qual eu nunca mais esqueceria, olhei em seus olhos lindos que estavam totalmente encharcados e vermelhos e então entrei no carro.
Não parava de olhar ele ali, sorrindo forçadamente. Eu também estava, como meu sorriso iria ser real se eu estava indo embora.. Sem o meu amor?
Quando já estava quase virando a rua, vi o Math me olhando da varanda dele e vi uma lágrima cair de seus olhos.
- Math.. Fui tão egoísta, só pensei em mim mesma. Que me esqueci de você, de me preparar para nossa despedida. Me perdoe? - pensei alto.
- Ele vai te perdoar querida. - meu pai olhou sério para a pista enquanto tentava me iludir.
Depois de algumas horas de chão. Chegamos ao aeroporto.
- É filha.. Agora nossa vida irá mudar! Para sempre.. - meu pai sorriu ignorando totalmente minha dor.
- Para sempre.. - hesitei por um momento - Pai! Espera. Eu não quero ir. Eu não posso ir.
Me joguei no chão, todos olharam para mim.
- Filha.. Levanta, anda. Agora não é hora para fraquejar! - meu pai implorava.
- Pai.. Eu não posso! - eu estava gritando involuntáriamente.
- Porque? Agora vai ser igual sua mãe? Ser egoísta e me largar na hora em que eu mais preciso? - ele gritou comigo.
Todos olhavam nossa cena como um filme.
- O que? - eu abaixei minha voz.
- A sua mãe.. No dia do.. - ele fez uma cara de dor antes de continuar - Acidente.. Sua mãe disse para mim que meu sonho nunca importou para ela. Que ela estava feliz com a vida dela, e que não queria isso! Eu sabia que ela só estava falando da boca pra fora... Mas a dor foi de verdade.
- Eu..
- Ela me disse também que eu deveria parar de ser egoísta, que eu deveria pensar nela também. Eu gritei com ela dizendo que era a coisa que eu mais fazia.. Que eu sempre a coloquei em primeiro lugar de meus planos, mas que eu estava esperando essa proposta a anos. Então ela acertou o copo que estava em sua mão na parede com força quebrando-o em vários pedaços, pegou a chave e saiu com o carro.
- Pai eu..
- Não passaram-se nem 20 minutos de que ela tinha saido de casa e eu recebi uma ligação.. - ele fechou os olhos com força, como quem tenta ignorar uma lembrança e ao mesmo tempo voltar a ela - Era ela, sua voz estava fraca. Ela disse que pedia perdão.. Que estava com a a cabeça cheia.. De que a egoísta era ela... - ele demorou um pouco para continuar - E que me amava e amava a vocês. Eu disse que a amava, e que a perdoava. Perguntei onde ela estava, e ela disse apenas.. "É tarde demais". E o telefone deveria ter caído de sua mão. - meu pai apertou o peito esquerdo com a mão, como quem segura uma ferida reaberta.
Eu o olhei e senti a dor dele, e ao mesmo tempo, a dor de uma filha.
- Porque nunca me contou isso?
- Você não estava na idade.
- Pai, eu não sou mais uma criança.. Ano que vem eu já entro na porcaria de faculdade, como acha que sou uma criança? Porque acha que eu não posso ter o meu amor como você teve?
- Filha eu..
- Pai. - eu o interrompi - Eu amo o Diego, eu quero ficar com ele. Não me importo com o futuro, se não for para acontecer, não irá acontecer. Mas pai, estou te pedindo. Deixe eu ficar, deixe-me amá-lo.. Como você amou a mamãe.
- Mas e se você sofrer?
- Você sempre estará aqui pai... Não importa o que aconteça.
- Eu te amo Manu.. E você está certa. E sem contar que.. O que um velho prestes a se aposentar como eu faria lá? Talvez eu devesse ter aceito quando tudo isso aconteceu.. Mas pode ter sido o destino. As vezes ele nos ajuda, certo?
- Certo pai. - encostei minha cabeça sobre o ombro dele.
As pessoas ainda olhavam para nós dois, eu realmente não me importava com aquilo. Agora eu voltaria para o Diego. Eu o teria ali.. Comigo.
Entramos no carro de volta, meu pai ligou o carro. Assim que ele começou a andar com o carro meu telefone tocou.
- Alo?
- Manu.. Eu li o seu texto. Ué, pensei que já estava no avião. - ele se espantou.
- Como leu? - senti vergonha no momento.
- Eu.. Sentei em sua varanda, e vi um papel jogado no chão.
- Diego seu fofoqueiro. - eu falei rindo.
- Me desculpe amor. Ah, eu já sinto sua falta querida.
- Não sinta mais.
- Hã? Como assim Manu? - ele se desesperou.
- Eu.. Eu, estou voltando Diego.
- Você está voltando? Só posso estar sonhando.. - ele gritou de felicidade. Acho que até ouvi alguém falar algo gritando de felicidade por trás dele.. Talvez a mãe.
- Eu vou voltar Diego. Meu pai concordou em voltar!
- Ah Manu.. Eu te amo!
- Eu também te amo, Di.
Desliguei o celular e olhei para a pista.
- Filha.. Ele ficou bem animado, não? - meu pai deu uma risadinha zombando de mim.
- É! - eu ignorei sua brincadeirinha.
- Porcaria.. - ele fez uma careta.
- O que?
- Você.. Estraga totalmente as minhas palhaçadas.
- É.. Eu adoro isso pai. Você não sabe como fica a sua cara. - eu dei uma risada alta.
- Bobinha..
Eu e meu pai nunca fomos de conversar.. Muito menos no carro, mas hoje era diferente, hoje nós conversamos até chegar em casa e depois mais um pouquinho.
- Agora vai dormir Manu.. Amanhã é um grande dia, desempacotar as coisas..
- ... Falar com o Di...
- ... Colocar tudo no lugar...
- ... Falar com o Di...
- Chega né? - ele riu me dando um tapa de leve na cabeça.
- Chega! - eu disse retribuindo o tapa.
Deitei em minha cama. É claro que eu realmente não consegui dormir. O tempo deve ter passado voando, porque para mim pareciam que tinham passado um minuto, mas meu pai já estava roncando.
Peguei um livro que estava na cabeceira, um que eu tinha parado de ler fazia um tempo. Seu nome era A marca de uma lágrima, comecei a ler com a luz do abajur. Quando estava cansada já de ler, apaguei a luz do abajur e me preparei para dormir. Meu olhos já estavam começando a se fechar.. Quase pegando no sono... Ouvi alguém me chamar da minha varanda. Poderia ser meu sonho já, mas levantei. Para não ser enganada pelo meu próprio sonho novamente, me besliquei. É.. Realmente doeu.
- Manu!
- Já vô! - sussurrei sem ver quem era.
- Ok.
Desci as escadas e abri a porta. Quando a abri, é claro.. Ele estava ali!
- Meu amor, eu não consegui dormir..
- Como.. Ah, Di! - eu o abracei.
- Por favor, nunca mais me deixe. Eu não fiquei nem um dia sem você aqui e já me senti quebrado. - eu o abracei mais forte, encostando minha cabeça no ombro dele.
- Eu nunca mais o deixarei Diego.. Nunca mais.
Me aproximei e ele me deu um beijo... Um beijo com sentimentos, com todos que eu poderia sentir, como um primeiro beijo, como o ultimo. Não era fácil definir nosso beijo, ele era apenas.. Perfeito... Como nossa ligação.
- Diego, eu não me importo com o que irá acontecer amanhã. Ter você aqui.. Comigo já basta! Seja qualquer o tempo, o modo. Eu quero te ter ao meu lado. Não me importo com o nosso "para sempre". Eu apenas.. Te amo!
- Eu também Manu.. Eu também.

FIM

domingo, 6 de setembro de 2009

Whatever - 19: Penúltimo cap.

Acordei com meus próprios gritos, minhas mãos estavam geladas e eu estava tremendo. É claro, fora tudo mais um sonho. Meus sonhos ultimamente estão sendo tão.. Reais.
- Manu, telefone! - meu pai gritou de seu quarto.
Peguei o telefone na cabeceira e coloquei em meus ouvidos desanimada.
- Alo?
- Oi Manu.
- Diego?
- Eu mesmo amor.
- Amor?
- É! Por favor Manu, volte comigo. Não consigo ficar mais nem um segundo sem você.
- Não quero conversar por telefone Diego.
- Tudo bem. Me encontre na quadra de basquete do condominio em 10 minutos, pode ser?
- Tá né..
Desliguei o telefone. Me levantei e fui caminhando até o guarda-roupas, escolhi uma calça jeans e uma blusa qualquer. Lavei meu rosto e desci.
Quando passei pelo quarto de meu pai ele estava na porta.
- Manu... Tá frio querida, vá colocar um casaco.
- Tá bem.
Voltei e peguei um casaco qualquer e vesti, desci correndo e fui até o pátio. Cheguei lá com um minuto adiantada. Sentei em um banco que estava perto do gramado.
- Manu!
- Oi Diego.
- Tudo bom?
- Tudo e com você?
- Só ficarei bem quando você voltar para mim.
- Diego.. Eu quero muito mesmo voltar para você, mas eu não posso.
- Como assim "não pode"? - ele me olhou confuso.
- Eu vou me mudar. São Paulo.
Ele não disse nada. Apenas se ajoelhou no chão e encostou sua cabeça na ponta de meus joelhos.
Senti meu joelho ficar umido. Ele estava.. Chorando?
- Diego.. Por favor, não chore.
- Eu não estou chorando. - ele continuou com a cabeça em meus joelhos, o som saiu um pouco abafado devido a isso.
- Meu amor.. Não queria mesmo! Por mim eu ficaria aqui. Mas e meu pai? Deveria perder a propósta que esperou quase a vida toda por nós?
- Eu.. - foi apenas o que ele conseguiu dizer.
- Sei o que quer dizer, eu te entendo Di. - levantei a cabeça dele em direção a minha.
Nunca mais queria ver o Diego assim, nunca mais.
- Diego, eu vou tentar fazer o possivel, ok? - sorri meio sem crer em minha própria palavra.
Cheguei meu rosto perto do dele e o beijei.

sábado, 5 de setembro de 2009

Whatever- 18.

Coloquei o som do meu aparelho no máximo, coloquei os fones de ouvido e deitei em minha cama. Pensando em várias coisas ao mesmo tempo, com a música alta que confundia meu pensamento e não me deixava pensar no Di.. Nem no Math.
Deviam ser 17 h e alguns quebrados quando acabou a pasta de músicas agitadas. E como em um golpe de dor, começou a tocar músicas lentas, românticas.
Senti um aperto no coração e então veio como em terceira pessoa o meu primeiro beijo com o Di, na bela praia, seguido da vez em que o Math segurou a minha mão, e diretamente a parte em que os dois estavam ali.. Na praia, o lugar onde os conheci de verdade, juntos. E o Math, falando que eu combino com o Di? Como poderia ele..
- Manu! - meu pai entrou em meu quarto, ouvi um pouco baixo sua voz por causa dos fones.
- O que? - eu me virei para ele.
- Para de gritar!
- Eu não estou gritando, pai.
- É claro que está! Tire essa porcaria de fone de ouvido.
- Você que manda..
Tirei os fones e joguei meu aparelho para longe de mim.
- Pronto! - eu sorri sarcasticamente. - Mais alguma coisa?
- Manu. Eu recebi uma propósta i-n-c-r-i-v-e-l! - ele disse com todas as letras se aproximando para um abraço.
- Aé?! Qual? - fingi animo.
- Eu e você, São Paulo! O que acha querida? - ele me olhou, seus olhos brilhavam. Forcei um sorriso. - Mas eu só aceitarei se você quiser..
Quando um pai diz "eu só aceitarei se você quiser", ele quer dizer "aceite ou morte".
- São Paulo?
- É filhota.
- Mas e o Di? E o Math?
- Ah amorzinho.. A vida é assim.
- Eu.. É que.. - sentia um nó na garganta todas as vezes que tentava inventar uma desculpa. - É claro pai.
- Ah filha! Não sabe como me deixa feliz dizendo isso. - ele me abraçou mais forte do que nunca.
- Eu sei pai.. - disse enquanto ele saia do quarto, ele virou a cabeça e sorriu e depois saiu - Mas e eu? Devo ficar feliz com isso?
O meu falso sorriso acabou em meu rosto. Sintia tudo se acabar ali, minha vida, meu amor.
Coloquei os fones de ouvido. Uma música lenta combinava o clima, acabando mais ainda comigo.
- São Paulo... São Paulo.
Uma grande cidade, bonita, pessoas estilosas.. É tão bela aquela cidade. Mas, qual seria a graça dela sem o Diego? Qual seria a minha graça sem ele?
Limpei as lágrimas que já estavam secas quando acordei e peguei o telefone. Disquei rápido o número e esperei chamar.
- Opa!
- Diego?
- Sim... Quem é?
- Eu.. A Manu!
- Quem?
- Manu! Sua ex.
- Tá louca? Não conheço nenhuma Manu, menina.
- Diego? - o outro lado ficou mudo, não tinha mais ninguém ali.

sábado, 29 de agosto de 2009

Whatever - 17.

Acordei segunda-feira com o despertador. Me arrumei, tomei meu café... Enfim, minha rotina de sempre.
Quando cheguei na escola, estava cheio de alunos voltando para casa. Eu estranhei mas não disse nada, me aproximei e vi uma plaquinha no portão.
Por causa das obras, ficaremos fechados durante três semanas.
- É manu, 3 semanas... Vai fazer o que? - disse o Math por trás de mim.
- Tava me esperando é?
Eu me virei para ele.
- Claro né bobinha! - ele me deu um tapa de leve na cabeça - Tenho algo importante para falar com você.. Não se atrase!
- Não mesmo! - o Math sabia mesmo que me deixar curiosa me fazia não me atrasar.
- Na praia, te vejo logo. Certo?
- Em meia hora, pode ser?
- Meia hora? Cinco minutos e olhe lá!
Fui andando até a praia, daria cinco minutos até lá se eu andasse do jeito que estava andando.
Cheguei na praia e sentei no banquinho branco. Ele me veria lá.
- Manuela? É você? - essa era uma voz desconhecida e conhecida ao mesmo tempo.
- Oi! Sou eu.. Nossa, como você tá bonito. - apesar de não saber quem era ele, não estava mesmo mentindo. O menino era um gato!
- Lembra de mim?
- Eu n...
- Leonardo. - ele fez uma careta - Seu primo.
- Ah.. Me desculpe, minha cabeça tá tão atolada Leo!
- Não tem problemas Manu, eu entendo.. - eu sorri e ele olhou para o relógio - Eita! Já tá na minha hora Manuzinha, estou indo ok?! Beijos.
Ele me deu um beijo em minha bochecha, um pouco demorado.
- Cheguei! - Math olhou firmamente o meu primo enquanto sentava ao meu lado.
- Finalmente né Math...
- Diego, vem aqui! - ele gritou para trás.
- Diego? Não entendi Math.
- Oi Manu. - o Di apertou minha mão.
- Math, pode explicar? - eu olhei séria para ele.
- Posso! Você e o Di são o casal mais lindo que eu já vi. Não podem ficar separados! Nasceram um para o outro. Qual é Manu?
Olhei para o Diego, depois para o Math. O que estava acontecendo ali? O Di não falou pra voltarmos só quando eu estivesse preparada de verdade?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Whatever - 16.

- E os meus amigos? Meu namorado?
- Você quer ir para sua casa Manu? - ela não parecia se importar.
- Eu vou ficar sozinha?
- Não. Eu vou com você!
- Vai ficar lá até meu pai ficar melhor? E como vai ser quando ele voltar? Você vai me abandonar denovo, certo?
- Eu não sei Manu. - ela hesitou por um segundo e me olhou nos olhos - Vamos?
- Agora?
- Aham.
- Tá bem..
- Ok, você vai assim mesmo certo? Eu ia pegar suas roupas hoje e..
- Eu vou! Vamos então.
Descemos as escadas e me deparei com a imensa sala.
- Como é bela. - eu ainda estava olhando.
-Você acha? Contratei um decorador muito famoso!
-Você é rica.. Mãe? - senti uma sensação estranha ao pronunciar essa palavra.
- Eu ganho bem e moro sozinha. - enquanto ela falava entramos no carro.
- Entendo. - eu sorri.
- Seu pai também tem muito dinheiro! E a sua casa é bela.
- Mas não é tão grande quanto a sua.
- Tamanho não significa nada Manu. E principalmente que seu pai tem a melhor coisa em sua casa. Uma coisa que eu sempre quis ter.
- O que?
- Você, Manu.
Deixei que tudo se explicasse em minha cabeça. Como poderia? Minha mãe.. Viva? Nada fazia mais sentido. Até que me toquei de algo, vi que aquilo não era real, era apenas um sonho. É claro! Idiota. Como eu pude me deixar enganar por um sonho? Na verdade, era a primeira vez em que eu havia me tocado que era um sonho. Sabe quando você acorda, mas não acorda? Você comanda o seu sonho, vê que tudo ali é falso. Decidi que não teria outra chance para falar com minha "mãe" então porque deixaria tudo se acabar ali? Agora? E afinal, como eu acordaria desse sonho estranho? E até que parte ele era real?
- Mãe, a senhora queria mesmo me ter em casa? Por que não me explica logo tudo isso?
- Quer mesmo saber?
- É lógico!
- Tudo bem.. Eu conheci seu pai desde pequenos, ele era meu melhor amigo até mais ou menos a 8ª série.
- Como assim? Vocês pararam de se falar?
- Não. A gente começou a namorar Manu.
- Ah sim... Continue!
- Ok. Ficamos namorando até o 3º ano até que eu tive que me mudar para São Paulo. Eu e seu pai tivemos que terminar.
- Nossa, tadinhos.. - eu me deixei levar por minha própria imaginação e história.
- Pois é. Ai eu devia ter em média 20 anos quando voltei. E como sempre acontece, a nossa "galera" do 3º ano se juntou novamente. Para ver como estavam todos e essas coisas sabe? E foi ai que eu e seu pai nos vimos novamente e então, não nos desgrudávamos mais. Ele começou a faculdade junto comigo, era a mesma faculdade sobre coisas diferentes.
- Ah, que rômantico!
- Também acho querida! - ela sorriu e continuou - Então seu pai me pediu em casamento, foi a coisa mais linda do mundo. Nos casamos, tivemos as suas irmãs. E então, o médico disse que eu nunca mais poderia ter filhos. E por um milagre, nasceu você. A minha filha perfeita, seus olhos eram grandes, lindos e..
- Ok.. Vamos ao ponto mãe.
- E quando você completou 7 anos, eu recebi a proposta da minha vida. Uma coisa que eu lutei a vida inteira sabe?
- O que?
- Tocar piano.
- Por isso achei o som tão familiar.. Continue.
- Eu pensei muito, eu estava pronta para dizer não. E então, seu pai veio e me disse: é o seu sonho, você esperou a vida toda por isso. Eu te amo e nada vai mudar.
- Que lindo mãe!
- Eu chorei e tudo mais. E então aceitei a proposta e fui. No começo não mudou nada em minha vida, então eu continuei. Mas o trabalho começou a ficar puxado, tinha muitas turnês. E eu não queria que vocês se prejudicassem na escola. Ai eu tive a idéia mais idiota da minha vida, eu disse a seu pai que falasse para vocês que eu havia morrido. Eu era nova na época, tola. Eu nunca devia ter feito isso, mas foi o meu advogado que deu a ideia então eu cai na dele.
- Nossa mãe..
- Acredita Manu?
- Mãe.. Eu já sei que tudo isso é um sonho.
- O que?
- Você morreu em um acidente de carro quando eu tinha 8 anos, eu prefiriria a sua história.. Na verdade, a minha. Do que a realidade. - eu a abracei, mesmo sem senti-la.
- Manu, eu te amo.
- Eu também... Mãe. E daria tudo para te ter aqui, comigo.
- Eu sempre estarei com você. - uma lágrima caiu e escorreu por suas bochechas.
- Eu sempre estarei com você. - repeti sua frase e abracei o nada mais forte ainda.
Após isso, tudo ficou escuro.
- Manuzinha! Acorda.
- Pai? Como é bom te ver! - eu gritei pulando da cama e correndo até a porta do meu quarto para abraça-lo.
- Eita! O que deu em você?
- Eu não sei.. Pai, quando eu dormi?
- Quando eu passei mal e fui para o hospital.
- O que era pai?
- Nada, dor de barriga!
- E o Di? E o Math?
- O Diego falou comigo para dar a você o recado de que sabia que você só voltou com ele para ter um protetor, um escudo contra o Matheus. Ele falou que quando você quiser voltar com ele, de verdade, para vocês se encontrarem em algum lugar.
- Eu.. Vou ligar para ele.
- Agora não Manu.. Você sabe, tenho que te contar algo.
- Diga-me papai.
- Eu sonhei com... Sua mãe hoje. - senti um embrulho em meu estômago e um arrepio em minha espinha quando meu pai me dissera isso.
- Você o que?
- Eu..
- Eu sei pai! É que eu..
- Você...?
- Eu sonhei com ela também.
- Nossa filha! Que demais! Que curioso, diferente.
- Será que ela queria nos dizer algo por nossos sonhos?
- Para de ser bobinha Manu.. Sua mãe deve estar muito ocupada no Céu.
Meu pai nunca fora um daqueles caras religiosos, para ele, só existia Deus e o Céu. O resto era apenas coisas que os homens inventaram. E antes de conhecer a mamãe, nem em Deus e em Céu ele acreditara. Meu pai nunca foi um daqueles homens que tinham uma rotina só, ele vivia cada dia de sua vida como o último.
É claro que como todo o pai, ele havia me falado do Céu quando a mamãe morreu. O que mais ele diria? Falaria para uma criança de 8 anos que a mãe havia morrido em um acidente de carro? Lembro até hoje suas palavras "Filha, você sabe que a mamãe a ama certo? E você a ama muito não é? Sabia que a mamãe foi para um lugar lindo? Cheio de nuvens, flores, cavalinhos, gatinhos... Ela falou que te ama muito Manuzinha, e quando a gente a... Encontrar novamente, irá nos abraçar como nunca".
Ai mãe... Eu sinto sua falta.

Whatever -15.

Acordei em um quarto desconhecido, o quarto era repleto de fotos minhas. Todas as fases de minha infância, tudo que eu podia imaginar estava ali. Minha cabeça estava doendo, e agora, mais ainda com aquele quarto totalmente acolhedor e ao mesmo tempo desconhecido.
Levantei-me da cama confortável e macia e caminhei por um grande corredor. Ouvi um som conhecido e agradável, parecia ser um piano. Segui o som, insegura.
-Olá... Tem alguém ai? - olhei para a grande sala escura vazia, sem nada.
Ouvi alguém bater palmas duas vezes, e então a luz se acendeu. Ali estava ele o grande e belo piano, sentado nele estava uma moça. Seus cabelos eram pretos e lisos até a cintura, podia-se ver um ou dois fios brancos por cima que se destacavam de longe entre o preto de seus cabelos, ela devia ter em média a idade de meu pai, talvez um pouco mais nova.
Continuei fitando aquela mulher, ela estava com um vestido muito bonito, parecia que vinha de uma festa. Então, dei mais um passo à frente e então ela se virou para mim, delicadamente. E abriu um sorriso imenso e lindo, o sorriso mais encantador que eu vira em minha vida.
- Manuela, olha como você está grande! Tão bonita.. Não a vejo pessoalmente desde seus oito anos e admito para você que é mesmo muito mais bonita pessoalmente, talvez tenha me puxado nesse sentido, eu também não era muito fotogênica. - sua voz era acolhedora e simpática.
Hesitei por um momento e escutei algumas coisas que sem duvida foram muito... Estranhas.
- Como assim desde os meus oitos anos? - a bela moça me olhou com seus belos e penetrantes olhos verdes e sorriu.
- Não me acha familiar? - ela girou e então me abraçou.
- Para ser sincera...
- Manu, eu sou a sua mãe tolinha! - ela me abraçou mais forte.
- Minha o que? - empurrei ela para longe de mim - Nada disso... Minha mãe morreu. A senhora está louca!
- Durona como seu pai.
- A senhora é louca, me perdoe.
- Educada como sua avó.
- Nossa, agora a louca ai vai fingir que me conhece, que gracinha!
- Sinica e teimosa como.. A mim mesma.
- Chega de palhaçada. - virei-me para sair do quarto.
- Vai para onde? Pretende ficar com quem?
- Com o meu pai!
- Você não sabe?
- Do que?
- Seu pai... Entrou em coma Manuela.
- Meu pai o que? - eu senti tudo se desmoronar e então, eu desmoronei. Cai ao chão, queria que tudo fosse um grande pesadelo.
- Ele tem chances de sair dessa Manu, seu pai é forte!
- Eu sei! Ele nunca me abandonou. - olhei para ela como quem diz " diferente de você".
- Você não sabe de nada! Como pode falar assim com a sua mãe?
- Se você fosse minha mãe, não me largaria. Não largaria o papai! Não é isso que mães fazem.
- Eu sei. Mas não é tão simples como você pensa. Não é tão fácil assim Manu. A vida não é um sonho!
- Talvez você devesse ter me ensinado isso quando eu tinha 8 anos. Em vez de morrer!
- Como pode ser tão insensível?
- A vida me tornou assim. - as lágrimas por meu pai ainda caiam, mas dessa vez, não apenas por ele.
Talvez por aquela mulher que poderia mesmo ser a minha mãe, a que me largou e largou o meu pai quando eu tinha apenas 8 anos. Eu sou a insensível? E afinal, porque ela decidiu aparecer em minha vida agora? Agora que tudo estava ficando bem. Agora que o Di e o Math se entenderam e porque meu pai teve que ficar em coma? Porque a vida é tão injusta? Porque logo eu?
Várias e várias perguntas giravam em minha cabeça junto com memória de meu pai e eu.
Abri os olhos esperando que tudo aquilo fosse um pesadelo, mas eu ainda estava ali, caída ao chão.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Whatever - 14

Acordei com o barulho do meu pai deixando as panelas cairem, aquele sábado estava chuvoso e infeliz. Não era uma manhã muito agradável. Meu pai me deixou desde segunda em casa porque eu tinha desmaiado. Eu inventaria para ele que não foi nada. Mas eu não queria mesmo ver o Math. Como ele pode? Eu pensei que ele fosse meu.. Amigo. Nós nos conhecemos desde pequenos e ele já está aqui faz um bom tempo. Nisso que dá Manuela, confiar em todos. Depois de meu devaneio de meia-hora, levantei-me de minha cama e fui até o banheiro lavar meu rosto. Sequei ele com uma toalha de rosto que estava pendurada ali por perto e desci para ver o meu pai estava preparando.
- Nossa pai! Que cheiro gostoso. O que você tá fazendo ai, hein?
- Manu! Você acordou minha querida. É o nhoque só para dias especiais filhinha.
- Adoro ele! - eu ri - Que dia especial seria hoje?
- Hoje eu e o Fernando, pai do Matheuzinho completamos mais um ano de amizade!
- Nossa pai, que ótimo! - prefiri não pensar quanto tempo teria meu pai de amizade com o pai de Math.
- Você vai se animar querida! O Matheus virá aqui comer com a gente.
- Nossa pai.. Que ótimo. - fiz um sorriso forçado e me virei para subir.
- Ele gosta mesmo de você Manu.
- É.
- Eu gosto dele.
- É. - eu estava evitando muito mostrar a raiva que estava de Math naquele momento e se eu falasse algo a mais, concerteza me irritaria.
- Pai, posso trazer o Diego?
- Não acho que tenha muito a ver né Manu.
- Ah pai, para com isso. Ele é meu.. namorado! - senti um nó na garganta quando disse essa palavra.
- Verdade.. Ok, pode! Mas com uma condição.
- Qual? - me desanimei.
- Nada de beijinhos e nada de agarramento na minha frente. Entendido? - meu pai parecia um daqueles militares.
- Sim senhor! - fiz sinal de continência, seja lá o que isso significa na linguagem militar.
- Vai se vestir Manu! Mulher demora muito pra trocar de roupa e tomar banho, então vá logo e fala logo com o Diego.
- Tô indo.Subi as escadas correndo e peguei o telefone para ligar para o Diego. Digitei o número e esperei chamar.
- Alô?
- Oi. Eu posso falar com o Di.. Diego?
- Claro! Mas posso saber uma coisa antes?
- Pode sim!
- Você é a tal da Manu? Se não for, me desculpe. - ela deu uma risadinha.- Sou sim! E a senhora?
- A mãe do Diego.
- Olá senhora. Acho que não fomos apresentadas e..
- Sabe que fez o meu filho sofrer sua mulherzinha?
- Eu sei mas...
- Sem mas. O que quer com o meu filho? Quer faze-lo ficar mais uma vez preso no quarto por dias?
- Me desculpe, mas a senhora está entendo tudo errado. Não fui eu que terminei com o Diego. Ele terminou comigo! E tem mais, por nenhum motivo.
- É verdade isso?
- Sim!
- Me desculpe Manuela, eu não sabia. Você sabe como é mãe né?! Não pode ver filho sofrendo que já vai em cima. Perdão querida!
- Eu não sei como é mãe, me desculpe. Sem problemas, acho que eu entendo.
- Como assim? Ah, eu gostei de você mocinha! Vamos marcar de você vir aqui.
- Minha mãe morreu quando eu tinha 8 anos. Eu ficaria honrada em conhecer a senhora.
- Ah, meus pesames querida. Só um minutinho, vou chamar o Diego.
- Sem problemas.Ouvi o barulo do telefone batendo na mesa, eu creio, e a mãe de Diego chamando seu nome.
- Alô?- Oi Di! Sou eu.. Manu.
- Oi Manu!- É que eu quero que você venha para cá. Uma hora da tarde, poderia?
- Só um minuto.
- Sem problemas. - ouvi Diego sussurrando algo que nem me importei me ouvir.
- Posso sim Manu! Vou me arrumar. Afinal, já está quase na hora.
- Ok. Te vejo daqui a pouco. Te amo meu namorado prefirido. - eu deveria deixar claro que queria voltar com ele e não imaginei outra forma.
- Namorado? Namorado?! Voltamos? Ah Manu, te amo muito.
- Voltamos sim.. Também te amo! Vá se arrumar meu amor.
- Tô indo.
Desliguei o telefone e me troquei rápido. Assim que terminei de arrumar o cabelo, a campainha tocou, ignorei e continuei a me olhar no espelho.
- Manu, você me perdoa? - o Matheus estava ali na porta do meu quarto.
- Não.
- Porque? Olha, me perdoa. É que eu não pensei antes de fazer isso e eu nunca te atrapalhei com o Diego. Eu nem sei o que me deu, é que minha ex tinha me ligado naquele dia e brigado comigo e..
- Olha Math. Eu te perdoo, se me falar o que aconteceu com a sua namorada. - olhei para seus olhos e o abracei.
- Eu senti sua falta essa semana, porque não foi?
- Meu pai.. Você sabe.
- Entendo.
- Manu?
- Diego!
- Essa cena não me é estranha né? - eu disse. O Math riu e se aproximou do Diego como um amigo de velhos tempos.
- Dessa vez é sem brigas né Diego?
- o Math apertou a mão do Di.
- É Manu? - ele olhou para mim e balancei a cabeça.
- Sem brigas cara! - ele apertou a mão de Math.
Ufa. Pela primeira vez na minha vida algo deu totalmente certo! Talvez esse almoço não fora uma má idéia.
- Manuela! Ligue para a ambulancia. Seu pai está mal. - esse era o Fernando, pai de Math gritando desesperado do andar de baixo. Senti minhas pernas ficarem bambas e então cai. Acordada ainda, podia ver tudo. Mas não conseguia me mover. Isso só tinha acontecido comigo uma vez. Quando eu era pequena e fiquei sabendo que minha mãe tinha morrido. O que será que vai acontecer com meu pai? Nesse momento consegui ver o Math ligando para a ambulância e o Diego falando comigo. Tudo parecia estar em câmera lenta, como em um filme.
- Manuela, seu pai já está na ambulância, não se preocupe. - esse era o Di, o meu Di. Tentando me acalmar. Eu não conseguia responde-lo, por mais que eu desejasse.

sábado, 15 de agosto de 2009

Whatever. - 13

O sinal da saída tinha finalmente tocado. Minha perna estava doendo, e eu estava com um short da escola emprestado porque tinha caído sangue em minha calça e eles colocaram para lavar. O short não era muito curto, mas dava para ver um pouco do curativo em minha perna.
Levantei da cadeira com cuidado. O Diego ficava me olhando, esperando com calma eu levantar e sair da cadeira. Assim que levantei totalmente fui até a porta da sala, mancando.
- Manu? Você vai mesmo na.. Praia?
- Vou Diego. Porque? - eu me virei para ele.
- Posso ir junto?
- Não sei se o Math te chamou.
- E dai? Vamos. - ele segurou em minha mão e eu senti a mesma sensação que senti pela primeira vez que ele tinha feito aquilo.
Andamos, ou melhor, eu fui arrastada pelo corredor.
- Porque tanta pressa Diego? Ai.. Minha perna tá doendo.
- Desculpa meu am.. Manuela. Perdão, é que com você lerda desse jeito é mais fácil eu ir logo sozinho para lá.
- Tá esperando alguém?
- Tô né.
- Atá. - que raiva! Idiota. Vai encontrar sua nova namoradinha? Senti o meu sangue ferver.
- Até que enfim chegamos! - ele soltou de minha mão.
- É. - não deu tempo de falar e ele correu até o mar e tirou a roupa e entrou no mar.
- Manu! Demorou hein..
- É que minha perna tá machucada Math e.. - ele me interrompeu com um beijo. Empurrei ele.
- O que você tá fazendo? Qual é o seu problema Math?
- Ah Manu, foi dificil fazer você se separar do Diego. Mas você nasceu para mim, você sabe disso.
- O que? Você está louco? E espera ai.. Me separar do Diego? O que você fez? - meu olhos começaram a arder.
- Ah, Manu. Para de drama, você me ama!
- Eu amo o Diego. - eu gritei o mais alto que pude e então, as lágrimas escorreram pelas minha bochechas, eu não tentei segurá-las.
- Cala a boca Manu! Quer que a praia toda escute a gente? Vem, vamos pra casa.
- Eu não vou para lugar nenhum com você seu.. Seu falso, seu estúpido!
Sem olhar para trás, corri.
- Manu?
-Diego! - foi a ultima coisa que consegui falar antes de tudo se apagar e eu sentir o frio chão.

Whatever. - 12

- Filha?! Porque ainda não acordou? Levanta dessa cama agora! - meu pai gritou comigo da porta do meu quarto. Pra que gritar? Ele tava tão perto.
- Ah pai. Não tô afim.
- Não tá afim? Não tá.. Levanta agora dessa cama Manuela!
- Ai, você é muito chato!
- Chato? Então tá, vou na sua escola falar que você saiu de lá e vai voltar a estudar em casa.
- Não, não pai! Aqui estou eu, em pé! - levantei e cantarolei na ultima frase.
- Acho bom! - ele olhou para o relógio - Olha só! Já estou atrasado.
- Bom trabalho pai.
- Tchau! E vai para a escola, entendido?
- Entendido. - já estava falando sozinha, meu pai não estava mais me ouvindo.
Olhei para o relógio e vi que só entraria no segundo tempo. Tomei um banho para acordar, me arrumei e tomei meu café. Quando vi estava na hora de ir para a escola. Ou melhor, para a minha forca.
Fui andando sem vontade para aquela coisa que talvez fosse mesmo uma escola, outro dia e em outra situação. Porque nesse momento, era o lugar que eu deveria ver o Diego por mais ou menos 6 horas, pelo lado bom, teria o Math ali me ajudando a superar isso.
O sinal do segundo tempo tocou. Respirei fundo e entrei na sala imensa.
Aquelas cadeiras de dois lugares novas seriam uma novidade e tanto, seria uma coisa super interessante, em outro momento da minha vida.
- Senhorita Manuela, vai ficar ai em pé na porta ou vai sentar?
- Eu vou... Sentar.
Fitei as cadeiras e estavam todas lotadas. Sentei na primeira vazia que vi.
- Tinha que sentar aqui? Do meu lado garota? - Di? Ah, não brinca. Um monte de cadeira para deixarem vazias e deixam a dele? Logo a dele?
- A culpa é minha? Era a única disponível seu rude.
- Eu sou rude? Me poupe desse draminha ok Manuela?
- Ok! Quem precisa de você?
- Vocês podem parar de discutir Manuela e Diego? Agradeço.
- Ele que começou.
Eu podia sentir as fofocas se formando pela sala.
- A Manu e o Diego terminaram, eu já sabia! Ela não merece ele. - foi a única coisa que eu consegui captar.
Finalmente o sinal do recreio tinha tocado.
- Dá para levantar logo ou tá dificil?
- Eu já estou levantando Diego. Espera caramba!
- Lerda.
Levantei rápido. No que eu levantei, minha perna bateu em um parafuso que estava na cadeira.
- Viu? Olha só o que você fez!
- Desculpa Manu, deixa eu te levar na enfermeira e..
- Deixa que eu a levo.. Diego. - valeu Math! Estragou minha unica chance de conversar direito com ele.
- Não Math. Deixa que ele faz isso. Não se preocupe! - tentei me salvar.
- É. A culpa foi minha, eu a levo.
- Tudo bem. Eu só queria ajudar!
- Eu entendo Math. Não se preocupe, é só um machucadinho. - me estiquei e dei um beijo em sua bochecha.
- Dá para ir Manuela? Isso está sangrando muito. - o Diego falou secamente, fitando o Math.
- Já tô indo Diego.
- Depois da aula eu te vejo né Manu?
- Claro Math. Me encontre na praia!
O Diego colocou a mão em minha cintura e o meu braço por cima de seu ombro. Fomos andando pelo grande corredor em silêncio.
- Praia? - ele disse olhando pra frente. - Porque a praia Manu?
- Porque eu gosto dela. - eu hesitei por um segundo - E dai?
- Você sabe o que ela significa para nós. Digo, eu e você. - agora eu entendo qual é a diferença de nós e eu e você, e há uma grande e dolorosa diferença nisso.
- Significava.
- Significava? Quer dizer que não sente mais nada por mim? É isso?
- Não disse que não significava para mim pensei em você quando disse.. Isso.
- Você acha que eu ainda não te amo?
- Talvez..
- Porque eu terminei com você? - essa parecia mas uma pergunta para ele mesmo.
- Olha Diego, eu sei que confundi seu nome sem querer. Mas isso não foi um motivo plausível, me desculpe.
- Eu sei. Eu fico nervoso e faço as coisas sem pensar.. Manu, você me perdoa?
- Perdoo.
- Ufa! Que bom Manu. É dificil ser rude com você sabia?
- Mas eu não vou voltar com você. Não agora, depois do que você fez comigo. O que você acha? Que eu sou de pedra?
- Manu eu..
- Olha Diego, eu te amo muito. Mas o que você fez não tem explicação, vamos dar um tempo até eu me sentir bem, ok?
- Ok. - ele colocou sua cabeça em meu ombro.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Whatever - 11.

- Diego! Qual é o seu problema? Porque tratou o Math.. Matheus assim? Que estúpido!
- Olha Manu, eu venho aqui te contar que minha avó morreu e que eu estou mal, venho aqui receber um abraço de minha namorada, algo que me console e olho ela abraçando um qualquer?- me encolhi ao ouvir isso. Coitado do Di, que idiota eu sou.
- Di, me perdoa? O que aconteceu com o Matheus e..
- Tudo bem Manu. Você sabe que eu te amo!
- Meus pesames.
Assim que eu disse ele arregalou os olhos. O que eu disse?
- Que bom que me ama também!
- Desculpa Math!
- Math?
- Di!
- Manu, qual é o seu problema?
Assim que disse isso, o Diego virou as costas e foi embora batendo a porta com força. Olhei ele pelo olho mágico que havia na porta, e pude ver ele ali.. Encostado na madeira da varanda, com cabeça baixa. Parecia estar... Chorando. Minha vista começou a embaçar e então, estava chorando também. Em poucos segundos senti aquele gosto salgado em minha boca. Olhei novamente no olho mágico e ele ainda estava ali. Abri a porta.
- Diego?
- Manuela, me deixe ok?
- Como assim Diego? Olha, eu confundi seu nome com o do meu amigo. Nada demais! Eu ainda te amo.
- Muito boa Manu, adeus. Nunca mais olhe para mim. Nunca.
Me senti quebrada. Despenquei no chão, mas não estava desmaiada.
Vi ele ir.
Sentei no chão da varanda e me encostei na porta. Ainda não conseguia parar de chorar.
- Manu? O que houve? Manu. Fale comigo.
- Oi Math.
- O que aconteceu? Porque está chorando? Ele te feriu?
- Sim.
- Onde? Cadê aquele idiota? Vou acabar com a raça dele e..
- Math, ele não me bateu seu tolo. - respirei fundo antes de continuar - Ele terminou comigo!
- Porque Manu?
- Eu não sei.
Vendo que eu não queria mais falar sobre isso, o Matheus me ajudou a me levantar.
- E então.. Vamos na praia? Respirar um pouco. Pode ser bom para você!
- Praia foi onde nos beijamos pela... Primeira vez.
- Manu.. Me perdoe, acho melhor fica sozinha.
- Também acho.
Matheus se aproximou de mim e deu um beijo em minha bochecha.
Entrei em casa e subi para meu quarto. Joguei-me em minha cama.
Só conseguia pensar nele.. Meu, que agora não era mais meu... Diego.

domingo, 9 de agosto de 2009

Whatever - 10.

Deviam ser cinco horas da manhã e eu acordara não com o despertador, nem com meu pai. Eu acordara com aquele sonho estranho e medonho que tive essa noite.
No mesmo momento em que acordei, senti necessidade de falar com minha irmã do meio, Julia.
Levantei-me de minha confortável e quente cama e caminhei cansada ate o quarto de Julia, estava vazio... É claro!
- Estados Unidos, droga! Esqueci. - pensei alto.
- Filha?! Acordou Bela Adormecida? - meu pai falava comigo do andar de baixo, creio eu que era da cozinha.
- Pois é pai. - falei descendo as escadas - Pai, sabe o número da Vanessa?
- Claro filha.
Meu pai se levantou e pegou sua agenda eletrônica preta.
- Deixe-me ver aqui! Vânia.. Vanuza.. Vanessa! Aqui filha. - meu pai me entregou a agenda com o némero.
- Obrigada pai! - dei um beijo em suas bochechas.
- Disponha!
Sorri e subi correndo para o meu quarto. Disquei o número que estava na agenda. O telefone chamou três vezes e então alguém atendeu.
- Hello?
- Hi! I can talk to Vanessa please?
- Ok! One minute.
- Ok, thank you.
- Hello?
- Oi Nessa. Sou eu, Manu.. Lembra né?
- Claro que eu lembro né maninha! Nossa, que saudades. Esqueceu de mim é?
- Nunca esqueceria! Nessinha, me diga uma coisa.. Por acaso a Jú tá ai?
- Tá sim! Só um minuto. - a minha irmã mais velha parecia uma americana tentando falar em português, achei hilário.
- Obrigada maninha.
- Alô?
- Oi Jú, sou eu.. Manu! É que eu precisava mesmo falar com você, sobre um sonho que eu tive sabe?
- Pode falar maninha!
- Então, eu sonhei que a mamãe estava...
- Estava o que Manu? - ela me interrompeu.
- Viva!
- Viva?! - ela não parecia surpresa.
- É, mas foi so um sonho. Mas eu senti algo, eu não sei Ju.. E senti necessidade de falar com você!
- Olha Manu, eu tenho que desligar agora tá? Fica tranquila, é só um sonho! Te amo muito. Beijos.
- Espe.. - ela não me deu nem tempo de terminar a frase. E porque derrepente ela teve que desligar?!
- Manuela. Estou indo trabalhar! Aproveita o sábado hein querida! E juízo tá?
- Beijos pai.
Deitei na cama denovo.
Acordei, já estava tarde. Já eram duas horas.
Olhei minhas mãos e estavam ocupadas, apertando forte o telefone, ainda.
Já que não tinha nada para fazer, decidi ligar para o Diego. Ver como ele estava.
Disquei o número que ja sabia de cor. O telefone tocou uma vez e me atenderam. Me assustei com a rápidez.
- Alô? - era o meu Diego, sua bela voz.
- Oi Di. Sou eu, a Manu. Pode falar agora?
- Olha Manu eu.. - ele hesitou por um segundo - Ou melhor! Posso sim. Vou na sua casa, agora. Posso? Preciso falar com você, agora. - demorei um pouco para captar tudo isso.
- Claro, venha! - mal terminei a frase e ele desligou.
Passaram-se alguns minutos, talvez meia-hora. Não sei.
Então a campainha tocou.
- Até que enfim! - pensei alto.
Desci correndo e abri a porta. E então, recebi um abraço. Mas não era o abraço do Diego. Era do... Math.
- Math?!
- Eu!
- Ah, oi.
- Oi Manu! Nossa, que saudades. Tenho que te contar uma coisa!
- Conte-me.
- Eu sonhei com você ontem. Nossa, ainda bem que você esta viva! - ele me abraçou mais forte ainda.
- Manu? - ops.. Esse era o Di, sua voz vinha da varanda.
- Diego! Que saudades.
- Também!
O Diego abriu a porta e o Math se tocou que ainda estava abraçado a mim.
- Quem é o seu.. Amiguinho? Não me vai apresentar?
- Claro que vou! Di, esse é o Math... Matheus, meu amigo de infância e meu vizinho. Matheus, esse é o Diego, meu...
- Namorado! - o Diego me interrompeu me abraçando de lado e analisando o Math.
- Eu já estava de saida mesmo! Tchau.. Manu. Tchau Diego! Se cuidem.
Os belos olhos de Math estavam tristes agora. Por um motivo desconhecido por mim, ele não estava feliz naquele momento. E o Di? Ele parecia estar com.. Ciúmes!

domingo, 2 de agosto de 2009

Whatever. - 09

Passaram-se uma semana, muito chata! O Math estava na casa da vó com o pai dele esperando a casa arrumar e essas palhaçadas. E o meu amor, o Di, tava viajando. Ele estava tão longe, sempre que eu pensava nele sentia uma dor enorme no coração. Hoje já era sexta, então seria o dia em que o Di voltaria para cá, ou melhor.. Para mim!
- Filha! A mãe do Diego ligou avisando que eles já chegaram e estão indo para a casa.
- Ok! Mas estão vindo? Onde eles tão?
- Pertinho meu amor, daqui a pouco estão aqui! - meu pai sorriu e depois foi para a varanda, eu fui atrás dele.
- Pai, o Math.. Matheus, disse algo de mim? - eu dei um pigarro para sair a última palavra.
- Disse. - ele olhava para frente, tranquilo, indiferente.
- O que? O que disse? - eu tentei evitar parecer ansiosa, mas não deu muito certo.
- Que você está linda! E que é uma pena estar namorando. - meu olhos arregalaram, olhei para meu pai e ele olhou pra mim, depois olhei para a casa do Math.
- Ele é.. Legal! - eu tentei parecer calma.
- Claro! Filha, se fosse para escolher, qual dos dois escolheria? - meu pai ainda estava tranquilo, indiferente.
- Eu? Acho que escolheria o.. - me interrompendo, a buzina do carro do Diego, ele estava no banco de trás, me deu um tchauzinho , quando me levantei e me aproximei, o carro disparou e me largou para trás.
- Vem filha, vamos entrar. Eles devem estar cansados da viajem! Não se preocupe. - meu pai colocou a mão em meu ombro e me puxou.
- Tudo bem.. Ele deve estar cansado mesmo. - eu disse de cabeça baixa.
Entrei em casa e subi para meu quarto, meu coração estava num aperto só, e para melhorar, quando entrei no meu quarto dei de cara com o quarto do Math, agora mobiliado e arrumado, mas vazio, não havia ninguém ali.
- Pai?! Que dia o Matheus vem pra cá? - gritei da porta do meu quarto para o meu pai que estava no primeiro andar.
- Hoje! - ele respondeu da varanda, eu creio.
- Que horas?
- Agora!
- Agora?! Como assim?
- Agora! Eles chegaram.
Desci correndo as escadas e lá estava ele, o meu Deus Grego.. Quero dizer, o meu amigo.. Math.
- Manu! - ele soltou a mala no chão e veio de encontro a mim, seus olhos eram tão lindos, não tinha nem percebido.
- Math! - eu o abracei forte.
- Já volto! - ele sorriu e voltou para o carro para ajudar seu pai com as malas.
Subi correndo para o meu quarto e como num passe de mágica, ele estava no dele também, olhando para mim e sorrindo.

sábado, 1 de agosto de 2009

Whatever - 08.

- Manu, você poderia levar o Matheuzinho para conhecer o lugar? - Matheuzinho? Meu Deus, meu pai não regula muito bem..
- Tá bom! Vem Math. - eu segurei em sua mão e o puxei para fora de casa antes que meu pai falasse qualquer outra besteira que acabasse comigo. - Então.. Onde quer ir?
- Não faço a mínima idéia Manu. - ele coçou a cabeça confuso.
- Já sei onde podemos ir! - eu me animei.
- Onde?
- Na praia, em breve terá o pôr do sol. É lindo! Quer vir?
- É claro!
Fomos correndo até a praia, evitei falar, para não me cansar muito.
- Chegamos! Bem na hora, já vai começar. Sente aqui! - apontei para o banco branco que ficava de frente ao mar.
- E então.. Manu, namorando ou algo assim?
- Eu? Não.. Quero dizer, sim. Sim! - ele deu uma risadinha e olhou para mim rápido e quando eu me virei de encontro a ele, ele olhou para a praia.
- Eu estava, até me mudar para cá.. - eu podia sentir ele prender as lágrimas.
- Você está se mudando? - eu tentei mudar de assunto, não queria vê-lo chorar.
- Sim! Seu pai não contou?
- Não.
- Sou seu vizinho. De janela até! A sua fica de frente pra minha, meu pai que disse. - ele riu e eu também.
- É, vou tentar não olhar pro seu quarto. - eu ri.
- Dificil vai ser eu não olhar para o seu.. Mantenha a cortina fechada! - isso foi sério? eu ri para descontrair.
- Então, agora que vai morar aqui.. Tá estudando em que escola?
- Não ria! Na mesma que você, aquela só para garotas! Meu pai disse que seria bom se estudássemos juntos! - ele sorriu. Que sorriso!
- Que lindo.. Er, quero dizer, que bom! - ele caiu na gargalhada e eu ri meio sem graça.
- É, acho que o pôr do sol acabou. Muito lindo!
- É mesmo!
Assim que terminei minha frase, Math colocou sua mão por cima da minha. Eu tirei e me levantei.
- Então, não acha melhor irmos pra casa agora?
- Me desculpa Manu.
- Sem problemas, você não viu minha mão ali.
- É... - ele abaixou a cabeça.
- Vem comigo!
- Ok!
Quando chegamos na minha casa, antes de entrar na porta, ouvimos uns berros horríveis. Abrimos a porta devagar e é claro, meu pai e o dele estavam em cima do sofá dançando e cantando.
- É Math, acho que vou ficar traumatizada pelo resto de minha vida! - eu disse olhando a cena toda.
- Bem vinda ao clube!
- Filha! Você está ai. - meu pai parecia surpreso e envergonhado.
- Math! Oi?! - esse era o pai dele.
- Vou para a casa! - ele disse segurando a minha mão e apertando ela como quem diz " vem comigo ".
- É, eu vou com ele! - eu disse meio confusa.
Assim que saímos da porta e a fechamos ouvimos algo que chamou nossa atenção.
- Acho que ela gostou dele e ele dela! - meu pai gritou, nem sei se fora de propósito. Mas o Math o ouviu e olhou para o meu rosto e começamos a rir.
- Ouviu isso Manu? Eu gostei de você!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Whatever - 07.

- Bem alunos, para concluir nossa aula de Filosofia e a sexta de vocês. Eu tive uma idéia, cada um escolhe um amigo e escreve um recado. Qualquer recado, qualquer amigo. Pode enviar para mais de um! Ah, e sem bagunça ok gente?
É, eu não sabia mesmo para que escrever, prefiri abaixar a cabeça. Até que alguém me cutucou e entregou um papel dobrado ao meio escrito Diego na frente. Abri o pequeno pedaço de papel, e senti a sala toda olhando pra mim, mas ignorei. No pequeno papel estava escrito "Eu sei que aconteceu rápido demais. Mas não posso negar, eu te amo Manu! Quer ser a minha namorada? " .
Eu simplismente fiquei sem reação com aquelas palavras, então arranquei uma folha do meu caderno e rasguei um pedacinho e comecei a escrever " É claro, eu aceito! É, foi mesmo muito rápido, mas eu te amo Di. ". Quando entreguei o papel para a menina ao meu lado passar, a turma toda estava tensa e não tirava os olhos do papel que ia passando de mão em mão. Então chegou até o Diego, e ele sorriu de orelha a orelha. A turma toda fez uma gritaria, eu não entendi qual era o motivo de tanta bagunça, mas fizeram e apenas sorri.
- Manu, me espera na hora de sair, ok?
- Tudo bem!
Bateu o sinal e começou a correria para sair, o corredor estava lotado e alguns paravam e conversavam, outros iam correndo até a porta gritando igual loucos.
- Hoje é sexta! - Jéssica, uma menina da sala gritou alto ao passar por mim.
Acho que os diretores e inspetores deixavam aquela bagunça ocorrer, porque via sempre um sorriso no rosto de todos inspetores.
Eu estava olhando para a porta, andando lentamente para o Diego me achar. Então alguém me cutuca, eu sorri tanto que minhas bochechas doeram e então me virei e não era o Diego, era o Felipe, um amigo do Diego.
- O que você quer? - eu me desanimei.
- Você é a Manu, né?
- Sim.
- É que o Diego teve que ir embora correndo, porque a avó dele que está nos EUA está doente, mas ele volta em uma semana. Ele pediu desculpas. - ele disse com uma cara bem triste, pelo jeito ele conhecia a vó do Diego.
- Ok, eu entendo. Coitadinha! - eu disse desanimada. - Mas não se preocupe, ela vai ficar bem!
- Como sabe? - ele se assustou e disse isso gaguejando - É, tomara que sim mesmo.
Eu fui andando até a porta, de cabeça baixa. Quando fui descer a escada, meu pai estava ali. Eu olhei para ele meio assustada, surpresa.
- Vem filha, o Diego me ligou! - porque não pensei nisso? É claro que o Diego não ia me deixar ir andando para a casa, que bobo!
Fui andando até meu pai, e entrei no carro. Não queria parecer triste então fiz um sorriso forçado em meu rosto.
- Coisa do Diego mesmo! - Eu senti um aperto no coração quando disse o nome dele.
- Eu sei que ele vai para os EUA, meu amor. Mas não se preocupe, ele volta! - ele sorriu.
- É.. Pai, ele me pediu em namoro, hoje na sala de aula. - eu disse com medo.
- Aé? Como foi? - ele parecia curioso, eu estava assustada esperando uma bronca.
- Foi.. Legal! - acho que ele não iria querer mesmo os detalhes, então pra que falar?
- Ah tá! Que bom, minha filha namorando.. Tomou vergonha na cara né? - ele riu muito e eu também.
- Pai, você é muito bobo sabe?! - eu dei um tapinha em sua testa.
- Eu gosto do Diego filha, ele é um bom garoto. - ele disse isso sério, olhando para a pista.
- Ufa! - eu disse tão baixo que nem sei mesmo se ele ouviu.
Ficamos alguns minutos em silêncio. Quando estávamos chegando em casa, meu pai olhou pra mim com um enorme sorriso. Eu ri na hora.
- Manuzinha, tenho uma enorme surpresa para você! - ele estava quase pulando no banco.
- Aé? O que é? - eu fingi estar mais curiosa do que já estava.
- Não posso contar né bobinha! - ele falou num tom tão engraçado, que me fez rir.
Chegamos em casa, meu pai saiu do carro correndo e eu fui atrás dele.
- Tá preparada filha? - ele disse isso com a mão na maçaneta.
- Tô pai, abre logo! - eu estava ficando ansiosa de verdade.
- Ok! 1, 2, 3 e já! - ele abriu a porta e me puxou para dentro.
- Manu, Quanto tempo! - eu conheço essa voz de algum lugar.. Será que é o tio Alfonso?
- Tio Alfonso? - eu disse com medo de errar.
- Na mosca! - então olhei para seu rosto. Ele já estava ficando bem velho.. Mas não posso pensar nisso, porque ele era amigo de infância do meu pai e... - Manu, você lembra do meu filho? Matheus, venha aqui!
Matheus? Quem é Matheus? Ai, droga! O que eu digo? Porcaria!
- Lembro sim tio! - e então, veio aquele menino, em minha direção, lindo. Eu quase babei ali.
- Oi Manu! Eu disse pro meu pai que você não deve lembrar de mim. A gente brincava juntos, você pedia para eu ser o Ken das suas bonequinhas, e pedia para eu brincar de casinha, pique-pega. É, duvido que lembre. - ele sorriu timido. Enquanto ele falou cada coisa, foi aparecendo as imagens em minha cabeça, como um, flashback.
- Pera ai! Você, eu lembro! - o meu primeiro amor, eu completei a frase em minha mente.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Whatever- 06.

Assim que entrei no meu quarto, - chorando - meu pai me grita lá de baixo.
- Manu! Porta pra você!
- Ok! Já vou descer.
- Tudo bem. Filha, estou indo trabalhar, beijos!
- Beijos!
Quem era na porta? Lavei meu rosto rápido e desci correndo a escada e claro, ele estava ali na porta.
- Manu! Nossa meu amor, seus olhos estão tão vermelhos, o que foi?
- Pergunte para aquela menina que você estava beijando agora, meu amor.
- Menina? - ele me olhou com aqueles olhos, eles estavam confusos, mas eu não me importei.
- É, deixa que eu te mostro!
Andei até a porta sem olhar para ele e então, vi o casal ali. Nos amassos.
- Aquela ali Manu? - ele me disse num tom sínico.
- Ah, ele parecia você Diego! - eu dei um tapinha em seu ombro.
- Que falta de confiança Manu.
- Desculpa Di. - eu corei e abaixei a cabeça.
- Anda, vamos. Daqui a pouco iremos chegar atrasados! - ele segurou minha mão, eu senti um frio bobo na barriga e sorri.
Fomos caminhando até a escola, olhando as coisas, conversando até que chegamos na praia.
- Praia? Pensei que iriamos pra escola Di. - eu disse rindo.
- Manu, eu quero completar o que não terminamos ontem. - ele estava sério e romântico.
- É, seria mesmo adorável. - eu sorri.
O sol estava nascendo, fomos até a areia e ele se virou para mim. Eu sorri e ele pegou em minha cintura, e então, nos beijamos. Assim que terminamos ele segurou em minha mão, suspirou e deu um beijo em minha bochecha. Nossa, eu não sabia mesmo que era tão.. Bom! Eu podia sentir meus olhos brilhando e imaginar o sorriso bobo que estava em meu rosto, e acho que o Di também notou.
Fomos caminhando até a escola que estava pertinho dali de mãos dadas e em um silêncio mortal, eu não sentia necessidade de falar naquele momento e acho que ele também não.
- É, chegamos. - ele não parecia feliz.
- Porque está triste? - eu não consegui esconder a minha preocupação.
- Porque eu não quero largar a sua mão. - ele sorriu e eu ri.
- Ai, ai. Diego, você é uma figura meu amor! - ele riu e eu também.
Soltamos as mãos e entramos na escola.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Whatever. -05

Desta vez eu não acordei com o meu pai gritando e reclamando com a enfermeira, dessa eu vez eu acordei do nada e me levantei. Eu estava no meu quarto, só não sabia como vim parar aqui.
- Pai, você tá ai? - eu gritei tão alto que minha garganta doeu.
- Filha! Você acordou! - ele gritou da escada, eu podia ouvir ele correndo a escada.
- É né.
- Filha, o que você fazia com aquele menino na praia? - é, ferrou. Foi bom conhecer vocês, adeus.
- A verdade?
- A verdade!
- Ok! Bem, eu estava voltando aqui para a nossa casa sozinha, ai eu descobri que ele mora aqui, no Dream e perguntei se ele queria vir comigo, até porque era a primeira vez que eu tava voltando para casa sosinha né?! Ai eu vi que tinha uma praia, e a praia me olhou, eu olhei para ela, então não aguentei. Afinal, foi a primeira vez que eu tinha ido numa praia e...
- Manu, para de enrolar! Fala logo o porque você desmaiou, o que você tava fazendo?
- Ai pai, eu já ia chegar lá! - eu reclamei - Como a infermeira disse, eu tenho problema de ansiedade certo? E que sempre que eu fico ansiosa eu desmaio né?! Então, o Diego estava chegando perto de mim e sabe, parecia no filme em que eu vi. Só que no filme eles se beijavam.
- Se o que? - meu pai aumentou o tom de voz.
- Beijavam pai! Eu não sou mais uma criança né, me poupe disso.
- Ok, desculpa. Eu estava treinando para que isso não acontecesse, mas pelo jeito, é incontrolavel, perdão meu amor. Mas vai, continua.
- Bem, quando o seu rosto estava a centimetros de mim, tudo se apagou! - eu me desanimei.
- Nossa filha, e como vai ser? Sempre que ficar ansiosa vai desmaiar? Vai ser assim pra sempre?
- É, minha vida tá estragada pai!
O despertador que eu ouvia toda manhã antes de ir pra escola tocou.
- Que horas são pai?
- Hora de você ir para a escola, vamos. Vá se arrumar! Quer que eu te leve?
- Não, eu vou chamar o Di.
- Di? - ele parecia mais surpreso do que aborrecido.
- Di, Diego pai!
- Ah, sim. Chame-o de Diego na minha frente amorzinho! Não to muito acostumado com essas coisas. - ele sorriu.
Estava frio aquela manhã e eu podia sentir o cheiro delicioso do café da manhã que meu pai preparava. Me arrumei rápido, coloquei um casaco e desci correndo.
- Nossa filha, olha a pressa!
- Desculpa pai, eu não gosto de me atrazar. - eu ri.
Comi rápido e sai de casa, no momento em que sai dei de cara com o Diego. Mas não apenas com o Diego. Ele estava acompanhado, e aquela não parecia ser a mãe dele, até porque, não é muito normal dar amassos na mãe, certo?
Eu senti a minha vista embaçar, mas dessa vez não era por desmaiar, então, vi lágrimas caindo e descendo pelas minha bochechas. Enxuguei as lágrimas e voltei para casa.
- Ué filha, voltou?
- É pai, eu não estou me sentindo muito bem. - eu nem vi qual foi a reação dele, eu fui diretamente para o meu quarto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Whatever. -04

- Bem alunos, por hoje é só. Mas antes, vamos escolher as duplas para o trabalho de casa que eu passei. - Essa era a Senhorita Silvia, a professora de história.
- Eu vou ficar com a Manu! - é, essa era a voz do Diego.
- Ok. - eu disse.
- Escrevam aqui nesse papel quem vai ser a sua dupla e podem ir para a casa.
- Pode deixar que eu escrevo Manu, vai indo e me espera na porta. - o Diego piscou pra mim.
Eu acenei com a cabeça e senti um frio na barriga e uma vontade enorme de correr pra casa o mais rápido possivel.
- Obrigado por esperar! - ele disse num tom meio sinico e segurou em minhas mãos frias e eu sorri meio sem graça.
- Não foi nada. - eu disse num tom mais sinico ainda.
- Sabe Manu, eu pensei que isso nunca iria acontecer comigo.. Mas acho que eu tive um amor à primeira vista.
- Aé? Por quem? - eu estava super nervosa, eu sabia qual era a resposta, eu estava me segurando para não mostrar para ele que eu estava tremendo, tentava parecer.. Indiferente.
- Por você! - ele olhou nos meus olhos, seu olhos eram lindos.
- Nossa, você não acha que é muito.. Cedo?
- Não Manu, eu te amo! - ele estava me assustando.
- Ah, vou pra casa. Meu pai vai estranhar se eu não chegar lá. - ainda é a minha primeira semana aqui nessa escola, ele ainda não se acostumou.
- Eu vou com você!
- Você nem sabe onde eu moro! - eu queria distância.
- Onde?
- No Dream!
- Jura?! Eu também! - Droga! Como? Ah, que saco.
- Para de ser dificil Manu.. Tudo bem, eu te assustei um pouco, foi mal. - eu olhei pra ele e toda aquela vontade de fugir dali foi embora.. Qual era o meu problema? Olha pra ele, lindo e dizendo que me ama. Tudo bem, é o primeiro garoto que diz que me ama. Mas quem se importa? Porque eu deveria deixar essa oportunidade passar?
- Me desculpe, eu estava um pouco nervosa. - eu sorri e virei o rosto, assim que virei, vi uma bela praia ao meu lado, olhei de volta para o Diego e segurei na mão dele e o puxei para a praia.
- Onde você está indo Manu?
- Eu nunca fui em uma praia de verdade! - eu parecia uma criança.
- Calma, corre mais devagar!
- Eu não consigo! Vem.
Ele correu mais rápido - é claro - e me alcançou, e como em um filme que eu tinha visto quando completei 10 anos, caímos na areia da praia.
- Ops. Eu acho que eu escorreguei, você se machucou Manu? - ele estava tão perto.
- Não, é claro que não. - eu me senti tonta.
- Foi assim que eu sonhei ontem.. O nosso, primeiro beijo. - ele estava a centimetros de mim, eu podia sentir os seus lábios quase juntos aos meus e meu coração batendo forte e então tudo ficou escuro.
- Manu? Alguém me ajuda, por favor! - foi a ultima coisa que eu consegui ouvir.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Whatever. - 03

Aquele som perturbador tocou e todos correram desesperados e eu é claro, não sabia para onde ir, até que veio uma menina em minha direção. Devia ter mais ou menos a minha idade e tinha um sorriso enorme em seu rosto, seus cabelos loiros e enrolados - de se invejar - balançavam enquanto ela vinha em minha direção.
- Olá, eu me chamo Bianca e você? Você parece perdida, precisa de ajuda?
- Er, meu nome é Manuela, mas me chame de Manu. É, acho que você percebeu isso né, sim.
- Ah sim! A novata, já sei de que turma a senhorita é, siga-me. - ela sem duvida não parecia uma adolecente.
- Ok. - não deu tempo de completar essa palavra e ela já tinha me puxado.
Estavamos seguindo pelo corredor imenso, Bianca não parava de falar sobre como a escola era boa, e os professores simpáticos e essa chatisses, mas não faz diferença para mim, afinal, me desliguei dela e só prestava atenção naquela bela escola.
- Pronto, é aqui. Vamos entrar juntas? - eu olhei pra ela e depois para a porta que estava na minha frente. Respirei fundo e acenei com a cabeça e ela abriu a porta.
- Aluna nova! Chegou um pouco atrazada não? - o professor era tão sorridente.
- É que..
- Eu estava com ela Sr. Nogueira. - Bianca me interrompeu.
- É, eu estava com a Bianca. - eu sorri
- Ah, sim. Bem, está esperando o que para se apresentar para a turma mocinha? - eu senti um frio na barriga, mas não ia pagar o mico de sair correndo dali certo? Senti o sangue se centrar em minhas bochechas. Eu me virei para classe e sorri.
- Olá, meninas e... Meninos?! - eu não estava entendendo, não era EPPM? Só para garotas? O que esses meninos estão fazendo aqui?
- É Manu, eu esqueci de avisa-la, a EPPM agora aceita meninos! Legal não é? - A Bianca estava tão sorridente que me assustou.
- É.. Muito, legal. - eu disse.
- Bem mocinhas, podem se sentar agora que já sabemos o nome da Manu!
Eu me sentei na primeira carteira vazia que vi.

Aquele som pertubador tocou denovo e todos foram levantando de suas carteiras e pegando seus dinheiros. É, deve ser o recreio.
- Vem com a gente Manu. - A Bianca estava com as suas amigas que pareciam ser bem simpáticas, ah, já estou aqui mesmo, porque não?
- Claro.
Fomos para um espaço bem grande, a Bianca me disse que aqui o chamavam de pátio. Eu podia ver as pessoas se separando por grupos e todos falavam com Bianca quando ela passava, alguns falavam comigo, outros empinavam o nariz.
- Nossa, que comida gostosa. - disse uma das loiras na mesa, ela era do tipo magrela que parecia não comer a dias.
- Por isso está gorda Vanessa! - Bianca disse num tom de bronca.
Eu olhei para meu prato e vi que estava muito mais cheio que o de Vanessa. Ah, quem se importa com o que Bianca ou as outras loiras da mesa pensam?
Comi rápido e levantei de minha mesa sem olhar para trás.
- Manu? - essa não era uma voz conhecida e não era muito feminina. Eu me virei para ver quem era. Um menino loiro, com um belo sorriso.
- Como sabe meu nome? - quem era esse carinha?
- Somos da mesma classe! Ah, desculpe. Eu não me apresentei, meu nome é Diego, muito prazer! - Ah, Diego. Bom Diego, eu estou indo! - dessa vez eu não podia me atrazar.
- Eu também já estava indo para a sala. Posso ir com você?
- É. Porque não né? - eu estava sem duvida morrendo. Porque esse menino lindo veio falar comigo? Ah, quem se importa? Vou fazer tudo o que minha irmã ensinou para mim. Se fazer de dificil, sempre.
- Ah, obrigado. Eu acho.. - ele colocou a mão em seu bolso e fomos caminhando em silêncio até a porta.
- É, está trancada. - eu disse de cabeça baixa.
- Sim. Só abre depois do sinal Manu. - ele disse sorrindo.
- Porque está sorrindo? A porta tá fechada!
- Porque eu queria passar alguns segundos com você. Te conhecer! Você parece ser uma garota muito simpática... Sem contar o fato de que é, linda.
- Ah, ok. Bem, acho que eu vou dar uma volta. Tchau!
- Não Manu, fica. - ele pegou no meu braço, e depois segurou a minha mão. - Eu só quero te conhecer, nada mais. Eu juro!
- Jura mesmo? - eu olhei naqueles olhos azuis e senti um frio na barriga, minha vontade era beijá-lo ali. Eu sei que isso é meio atirada e eu não ia fazer isso, é claro. Mas era a minha vontade.
- Juro.
Ficamos conversando ali por um tempinho até que tocou o sinal. E as portas se abriram. Entrei na sala e sentei em minha carteira. Eu estava meio perdida e depois vi o sorriso tonto que eu tinha no meu rosto.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Whatever. - 02

- Ela está melhor? Moça, o que ela tem? - eu ouvia a voz de meu pai preocupado.
- Senhor, eu já disse dez vezes, ela está bem!
- Tem certeza?
- Senhor, eu sou uma profissional, é claro que tenho certeza! - a médica estava a ponto de pular no pescoço do meu pai.
Eu ouvi os passos do meu pai chegando perto, e sua mão gelada em minha testa.
- Manuela, o que você tem? Porque não acorda? Filha, você está bem?
- Senhor, eu já disse..
- Eu sei, eu sei. Mas eu sinto que..
- .. Senhor, por favor. - ela o interrompeu- Somos profissionais, sabemos o que fazemos, não se preocupe. Sua filha acordará logo logo!
Então eu comecei a sentir meu corpo denovo. Eu queria saber quanto tempo fiquei aqui.. Dormindo. Não consegui abrir o olho, mas tentei usar a minha voz.
- Pai?! - foi o que eu consegui dizer.
- Manuela? Você está ai meu amor?
- Sim. - era quase um som abafado.
- Meu amor, eu fiquei tão preocupado! Como você está se sentindo?
- Como você acha? - agora eu já conseguia falar uma frase inteira.
- Filha, só você mesmo. Até duente, sarcástica. Essa é minha filhinha!
- Ai pai, para de bobeira e fala logo. Quanto tempo eu dormi?
- Um dia só.
- Aé?
- Sim! E se você se sentir melhor.. Podemos ir para a escola agora. Quer?
- Claro!
Eu sentei na cama e o meu pai me entregou uma sacola plástica com um sorriso enorme.
- Sabia que diria isso, meu amor!
Eu ri e abri a sacola. Dentro dela tinha minhas roupas de escola.
- Podem me dar licença?
- Claro mocinha, mas se desejar algo ou sentir algo, me chame!
- Ok filha, e não precisa ter pressa!
- Eu sei. Eu sei! - minha resposta era para os dois.
A porta fechou e aquele quarto branco estava sem mais ninguém além de mim. A minha roupa da escola era uma calça jeans e uma blusa muito bonita. Vesti a minha roupa sem pressa, e me olhei no espelho que tinha na sala gigante, dei uma arrumada em meus cabelos e os prendi com um arco que meu pai tinha colocado na sacola preta junto com uma escova. É, agora eu estava pronta para conhecer a minha nova escola. Abri a porta e chamei meu pai, fomos até o carro em silêncio, eu imagino o quanto ele esteja nervoso, talvez mais do que eu. Entramos no carro, ainda num silêncio mortal, eu tinha que quebrar o gelo.
- Então pai, o que eles disseram que eu tinha, hein?
- Eles falaram que era ansiedade. - ele disse desanimado
- Atá, ok! - eu disse.
Então a conversa acabou ali. Não sabia o que falar, então prefiri ficar em silêncio, até porque, deve ser dificil mesmo levar a filha mais nova para a primeira escola. Eu não entendo porque tanto drama, afinal, ele já levou as minhas outras irmãs, porque tem problemas comigo? Ah, mas quem se importa?! Afinal, ninguém entende os pais mesmo.
- É aqui, a sua nova escola! - ele disse, eu sentia animação e medo em sua fala.
- É muito bonita e.. Grande! - aquela escola era a maior que eu já tinha visto, era como se fosse um sonho. Então, eu vi o nome da escola, EPPM (Escola Particular Para Meninas).
- Porque eu não suspeitei? - eu disse em voz alta para mim mesma.
- Vai filha, é sua primeira escola. Eu não podia arriscar!
- Muito obrigada por confiar em mim, pai! - abri a porta do carro, sai e bati forte a porta.
Ele fez uma careta de dentro do carro e ficou me olhando entrar pela imensa porta.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Whatever. - 01

Meu nome é Manuela -Manu-, sou mais uma adolecente daqui da cidade do Rio de Janeiro. A minha vida aqui já não é mais um drama, - até porque os dramas da minha vida, são normais hoje em dia - minha mãe morreu em um acidente de carro quando eu tinha apenas oito anos e meu pai é um paranóico, ele diz que só não me deixa estudar em escolas normais ou ter amigos pelo meu bem, mas eu sei que é por medo de me perder, como aconteceu com as minhas irmãs, minha irmã mais velha se casou cedo e se mudou para os EUA e a do meio diz que vai fugir com o namorado em breve, e eu é claro, sou a mais nova das três, e meu pai me prende, não me deixa namorar, não saio, não tenho amigas por culpa delas, como eu já disse. Hoje eu escolhi voltar a escrever aqui porque eu lembro que minha mãe dizia que a gente se sente melhor quando escreve o que sente, então aqui estou eu.
Depois de anos estudando em casa com professores particulares e depois de chorar, implorar e me rebelar, meu pai disse que poderei ir para a escola, não disse quando, mas estou vendo ele nesse momento procurando escolas e descobrindo quem as frequenta, bom, ao menos vou agora ter uma escola de verdade, não me importo como vai ser ou quem vai enfrentá-la apenas que vou finalmente ter a chance de conhecer alguém e uma escola de verdade.
- Manu, vem aqui um minuto.
- Sim, senhor!
- Pare de gracinhas e venha logo.
- Ok pai, mas porque está tão nervoso?
- Porque eu.. Achei a escola.
- Jura? Nossa pai, isso é i-n-c-r-i-v-e-l! Mas.. Porque está tão triste?
- Porque você acha que eu te protegi tanto tempo, filha?
- Porque você é um chato?
- Não, sério. Porque acha?
- Porque não quer que eu seja alguém na vida e que eu não saiba me comunicar?
- Manuela!
- Ok, porque não quer me perder e blá blá blá, certo?
- Sim filha, eu não quero te perder. Você é a unica coisa que restou na minha vida, como poderia te dividir com alguém?
- Pai, você nunca vai me perder, eu prometo. Não importa se eu namore, me case.. Você vai ser sempre meu pai, e eu sempre a sua filha. Eu te amo!
- Jura?
- Juro né!
- Ok, também te amo!
- Ai pai, você é tão bobo sabia?
- Sou é?
- Por pensar que um dia eu iria te largar!
- Verdade.. Bom filha - ele abriu um belo sorriso que eu não via faz um tempo - vá dormir, amanhã temos um longo dia comprando seu material, sua roupa de escola e todas essas chatisses. - ele fez uma careta.
- Paaaaaaaaaai, eu não acredito! Sério mesmo? - eu conseguia sentir o sorriso em meu rosto e minha vontade de gritar e pular.
- Sim filha, amanhã mesmo vou fechar sua matrícula.
Ele me abraçou e fui dormir. Ou melhor.. Tentar dormir. Eu estava cheia de ansiedade e me roendo, olhando o relógio de dois em dois minutos, até que ouvi o despertador do meu pai e acordei, me sentia meio fraca, estava sentindo muito frio mas num pulo só eu fui até o quarto dele, mas ele não estava ali, então, procurei meu pai na cozinha e não estava, depois na sala, no meu quarto, no banheiro, na sala de jantar, em todos os cômodos, ele fora sem mim? Cadê o meu pai? Então a porta abriu, e eu claro fui correndo vê-lo.
- Acordou né? Finalmente filha. Mas não se preocupe, o médico disse que não foi nada demais! Nossa meu amor, como você me deixou preocupado! Nunca mais faça isso comigo!
- Isso o que papai? Médico? - eu não estava entendo nada, o que aconteceu enquanto eu estava dormindo?
- É filha, eu já comprei os materiais e já te matriculei, mas não se preocupe, você só ficou dormindo dois dias.
- Dois dias? - eu gritei.
- Sim filha, eu fiquei preocupado demais com você, mas o médico disse que não era nada, então fique bem calminha meu amor.
- Ok papai, vou me arrumar, licença.
Eu não estava entendendo, o que estava acontecendo? Ou melhor, o que aconteceu? O que eu tenho é sério ou não é nada demais mesmo? Espero que não seja nada e...
- Filha, é hoje, corre! Esqueci de avisá-la! - meu pai gritou do andar de baixo.
- O que pai? - eu gritei para responde-lo.
- A escola!
- Escola?
- É, escola. - ele respondeu a minha pergunta que não era para ser respondida da porta do meu quarto. - Se arruma logo!
Entrei no banheiro e liguei o chuveiro.. Senti a água quente e depois só sentia o piso frio do chão.
- Manu, acorda!
Eu ouvia meu pai, mas não conseguia responder, muito menos abrir os olhos.
 

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